No dia seguinte a um recuo para viabilizar o projeto da renegociação da dívida dos Estados com a União, os bombeiros do Planalto entraram em campo para minimizar o desgaste do ministro Henrique Meirelles (Fazenda). Para aprovar o texto, o próprio presidente Michel Temer autorizou a retirada do item que mexia diretamente com o funcionalismo nos Estados, proibindo, por exemplo, promoções e o reajuste salarial nos próximos dois anos.

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Embora tivesse sido avisado por lideranças na Câmara sobre a dificuldade do item, Meirelles bateu pé e fez questão de manter a exigência da contrapartida. Seria um aceno ao mercado, que anda desconfiado que o ministro não conseguirá fazer o ajuste fiscal prometido. Pressionados pelos sindicatos, no entanto, nem mesmo os deputados aliados asseguraram acordo, fazendo Temer recuar. Das contrapartidas, permaneceu apenas o teto dos gastos de acordo com a inflação. Fica a dúvida: se o governo não consegue aprovar uma medida como essa, terá força para emplacar algo bem mais explosivo, como a reforma da Previdência?

Códigos

Durante a votação do projeto da dívida, o presidente interino, Michel Temer, ligou duas vezes para o relator Esperidião Amin (PP-SC), que negociava no plenário. Alguns detalhes mais delicados foram conversados em árabe, para evitar curiosos.

Compensações

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Em reuniões no Palácio do Planalto, Amin havia alertado para a dificuldade de aprovar a medida que atingia o salário do funcionalismo nos Estados. Segundo ele, a contrapartida que estabelece o teto de gastos permanecerá na lei sem problemas. Para resolver a pressão dos governadores do Nordeste, o governo deve lançar uma PEC que aumenta o Fundo de Participação de Estados e municípios.

Compromissos

O deputado Jorginho Mello (PR-SC) acredita que o Supersimples possa ser votado na próxima semana, na Câmara. É um compromisso, de acordo com o deputado, do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

É dinâmico

Começou na Câmara a pressão para que o Planalto substitua o líder do governo. André Moura (PSC-CE) chegou ao cargo porque era amigo de Eduardo Cunha e representante do Centrão. As duas credenciais não valem mais um centavo.