Carolina Bahia: “Renan Calheiros, o isentão”

Os primeiros movimentos de Renan Calheiros (PMDB-AL) no comando do processo de impeachment desagradaram ao grupo do vice Michel Temer. Ao contrário do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente do Senado já avisou que não fará sessões em ritmo alucinante. Líder da tropa de choque de Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) queria até cancelar o feriadão para que a comissão especial começasse a funcionar logo. Mas não conseguiu emplacar a ideia.

– Preservarei o meu papel e a minha imparcialidade – discursou Calheiros. Ouça o comentário:

Político mais do que experiente, sobrevivente de processo de cassação, há tempos na mira da Polícia Federal, Calheiros não reza pela cartilha de Temer. Tampouco morrerá abraçado na presidente Dilma Rousseff. Ele acende uma vela para cada santo, defendendo os próprios interesses. Para o público, tentará limpar a biografia, vendendo a imagem de magistrado, um contraponto à patrola de Cunha. Nem coxinha, nem petralha, faz de conta que é isentão.

PAU QUE BATE EM CHICO…

O PT também vai alegar que o senador Renan Calheiros não tem legitimidade para conduzir o processo de impeachment, a exemplo da justa reclamação contra o deputado Eduardo Cunha? Enquanto Cunha é réu na Lava-Jato, Renan responde a nove inquéritos no STF.

ERA ENGANO

Desde o último domingo, o telefone do gabinete do deputado Marco Maia (PT-RS) não para de tocar. Mas as ligações são para o vice, Michel Temer. Quando Maia deixou a presidência da Câmara e ganhou um novo gabinete, herdou o número de telefone da antiga sala de Temer. Chovem cumprimentos pela vitória do impeachment e até pela “posse como presidente da República” (que ainda nem ocorreu), além dos mais variados pedidos.

VENDETA

Enquanto o nome da senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) está colocado para a relatoria da comissão especial, o PT buscava uma indicação alternativa, como o senador Cristovam Buarque (PPS-DF). Ex-ministro da Educação, demitido por telefone pelo então presidente Lula, Cristovam foi consultado e disse que não tem interesse na função.