Começa mal o debate sobre a reforma mais profunda que já foi proposta para a Previdência. O texto encaminhado para a Câmara não representa uma reforma para todos, como deveria ser. Ao deixar os militares fora, permitindo que acumulem benefícios de pensões e aposentadorias, além de não aprofundar como será a mudança para os parlamentares, o governo Temer escolhe quem vai ser sacrificado. Como convencer o trabalhador da iniciativa privada que ele precisará trabalhar quase até morrer enquanto algumas categorias continuam com regimes especiais? É verdade que existem peculiaridades, mas o déficit persiste. Para se ter uma ideia, em 2015 os militares respondiam por cerca de 45% do rombo da Previdência dos servidores da União. Enquanto isso, os chamados benefícios de prestação continuada podem cair para menos de um salário mínimo, pegando em cheio famílias de baixíssima renda. A reforma da Previdência é necessária para que o sistema não quebre. Querendo ou não, as pessoas precisarão se aposentar com mais idade. Mas o governo enfrentará imensas dificuldades se não sinalizar com o fim dos privilégios.
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Patrola
Relator da reforma que propôs a fórmula 85/95, Pepe Vargas (PT-RS) tenta articular até mesmo com deputados da base do governo para que a reforma da Previdência não seja aprovada na próxima semana na CCJ. É uma missão difícil porque está em jogo apenas a admissibilidades e não o mérito. Mas em um ponto Pepe tem razão: o que não falta são aliados descontentes com a proposta.
Tripé
A escolha de Antônio Imbassahy (PSDB-BA) para a Secretaria de Governo coloca o PSDB no núcleo duro do Planalto, limpa a área para a permanência de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara, mas abre uma crise com o centrão. O Planalto terá que distribuir bondades para acalmar a turma de Jovair Arantes (PTB-GO).
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Descanso
Diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello tem dito a interlocutores que gostaria de se aposentar. Ele comanda a PF desde o início do governo de Dilma Rousseff e ficou no cargo depois do impeachment. O que o segura, neste momento, é a Operação Lava-Jato.