Na mais profunda crise política dos últimos tempos, as instituições brasileiras continuam funcionando, mas passam por uma alarmante crise de credibilidade. A onda de rejeição, apontada pela pesquisa Ipsos e publicada no jornal Estado de São Paulo, não surpreende. A desaprovação atinge Executivo, Legislativo e Judiciário. E a explicação é simples: são instituições que continuam dominadas pelo corporativismo e pelo impulso de lutar para que permaneça tudo como está. O presidente da República foi flagrado em conversas pouco republicanas com um empresário, a Câmara discute uma reforma política em causa própria e o Judiciário é refém de casos envolvendo supersalários e privilégios. O descontentamento aumenta porque também não há uma resposta para os casos apontados pela Lava-Jato. Processos de pelo menos cinco senadores tramitam no STF , esperando julgamento. Para quem conta com foro privilegiado, o Supremo virou a trincheira da impunidade. O polêmico comportamento do ministro Gilmar Mendes serve de cereja de bolo para essa perigosa situação. Ambientes de desânimo como o que vivemos hoje são propícios para o surgimento de um salvador da pátria vazio e populista. E esse seria o pior desfecho.

Continua depois da publicidade

Caranguejo

A Câmara vai andar de lado nesta semana. Com a viagem do presidente Michel Temer à China, a Casa ficará sob o comando do segundo vice-presidente, André Fufuca (PP-MA), o Fufuquinha. Aliados do Planalto o consideram “verde” para tocar as sessões e avisam que nenhum assunto importante será discutido em plenário, incluindo a Reforma Política.

Em fatias

Deputados responsáveis pelos mapas de votação do governo já jogaram a toalha. A Reforma da Previdência deve ser fatiada, com votação prevista para ocorrer entre outubro e novembro. Se houver mudanças, será na idade mínima e no tempo de contribuição.

Continua depois da publicidade

Abre a porteira

Para deputados da bancada ruralista, apesar dos escândalos envolvendo o nome do ministro Blairo Maggi (Agricultura), o Planalto não deve tomar a iniciativa de afastá-lo.

– Acho difícil, porque aí abre a porteira – aposta um ruralista, lembrando que outros ministros também estão bem enrolados.