A presidente Dilma Rousseff é mais popular fora do que dentro do governo. A frase é de um petista que vem acompanhando de perto tanto o processo no Senado quanto as campanhas municipais. Quer dizer, a essas alturas, é mais útil ao PT ter uma presidente apeada do poder do que à frente de um país em crise econômica, precisando passar por reformas impopulares. Enquanto senadores seguiam com o duelo em plenário, no Salão Azul parlamentares reconheciam que, para a militância, o melhor papel de Dilma é o de vítima.

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– Agora, tem até candidato do Nordeste que quer a Dilma no palanque. O discurso do golpe pegou – comemorava um petista.

A narrativa do golpe pode ser popular entre a militância, mas não mobiliza. A última mobilização antes do impeachment, em Brasília, foi melancólica. Sem Lula ou Rui Falcão (presidente do partido) e com discursos que remetiam aos anos 80, o ato de apoio esteve longe de reunir multidões. É como se o partido não tivesse comandado o país por 13 anos.

Em plenário, no entanto, os senadores continuam combativos. Precisam segurar essa bandeira até o final.

– Quem tem moral para julgar a presidente Dilma? – disparou Gleisi Hoffmann (PT-PR), que também está no balaio da Lava-Jato.

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Nesta fase do processo, em que as oitivas repetem argumentos técnicos, a emoção fica por conta dos bate-bocas pouco produtivos. Os governistas têm pressa e a turma de Dilma está preocupada mesmo com a segunda-feira, quando a presidente fará seu derradeiro discurso. Até Lula prometeu estar presente reforçando o momento político. Até a tarde de ontem, Dilma sequer havia se reunido com os parlamentares aliados para afinar o discurso. A presidente afastada preferiu ficar no Alvorada, com conselheiros de confiança, preparando a defesa.