Se de fato a Câmara adiar a sessão que vai cassar o mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os deputados estarão assumindo que se lixam para a opinião pública. Esse é o tipo de iniciativa que desmoraliza até os parlamentares da comissão que hoje debate as 10 Medidas Contra a Corrupção. Aliados de Cunha e integrantes do PMDB tentam esvaziar a sessão marcada para o dia 12 de setembro, com o argumento que a segunda-feira é um dia de quórum baixo. Mas se o impeachment de Dilma Rousseff (PT) foi aprovado em um domingo, qual a dificuldade em cassar Cunha em uma segunda? O combate ao malfeito não pode ser seletivo.

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Cunha sabe demais e ameaça falar. Caso o peemedebista perca o mandato, o processo ficará sob a responsabilidade do juiz Sérgio Moro. É tudo o que Cunha não quer porque, claro, teme a prisão. Por isso, ameaça. Respeitadas as diferenças de personalidade e comprometimento com o governo, seria um efeito Roberto Jefferson (PTB). Em 2005, contrariado com o então ministro da Casa Civil José Dirceu, Jefferson revelou o que era o mensalão. Ele acabou cassado e preso, mas levou petistas com ele.

– O bandido pelo qual mais torço é Eduardo Cunha – disse Jefferson, no início deste ano.

Cunha não é Roberto Jefferson e tem uma boa relação com o Planalto. Mas é explosivo, vingativo e está preocupado com o destino da esposa, Claudia Cruz, também investigada na Lava-Jato. Então, a lógica de quem tenta adiar a cassação é a seguinte: deixar tudo para depois das eleições, quando, em tese, o governo Temer já estará bem consolidado e as forças regionais definidas. O difícil é entender como deputados voltarão para as suas bases políticas para pedir votos e fazer campanha, sem resolver o caso Cunha. É preciso uma boa dose de cara-de-pau.

Ela vai

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Dilma tomou a decisão de ir ao Senado no dia 29 de agosto, depois de uma reunião com senadores, ex-ministros e integrantes da Frente Brasil Popular. Será mais um discurso de despedida do que de defesa. A presidente vai insistir na tese do plebiscito para novas eleições presidenciais.

Criança feliz

O ministro Osmar Terra (Desenvolvimento Social) lança na terça-feira, às 11h30min, no Palácio do Planalto, um braço do Bolsa Família voltado à primeira infância. O programa Criança Feliz prevê que famílias com filhos de zero a três anos recebam visitas de especialistas que possam auxiliar no desenvolvimento infantil, orientando os pais. A primeira etapa pretende atender seis Estados e 50 mil crianças, com um orçamento previsto de R$ 100 milhões. Para o próximo ano, o projeto tem orçamento previsto de R$ 1 bilhão. A meta é atingir quatro milhões de crianças até 2018.

Ministro virtual

Mesmo que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) não volte para o Ministério do Planejamento, é ele quem de fato comanda a pasta. Jucá participou de todas as principais reuniões referentes ao orçamento. O atual ministro Dyogo Oliveira, não toma nenhuma decisão de impacto sem consultá-lo.