A Operação Sépsis – doença sistêmica complexa e potencialmente grave – pode parecer mais do mesmo dentro da Operação Lava-Jato. Mas serve como uma importante autópsia da corrupção no Brasil. A Polícia Federal mostra claramente porque há políticos que fazem tanta questão de emplacar seus afilhados em postos estratégicos da estrutura federal: para roubar. Em sua delação premiada, o ex-dirigente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto afirmou que o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ficava com 80% da propina paga em esquema de liberação de recursos de um fundo formado para financiar investimentos.
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Esquema semelhante foi identificado na Petrobras, nas figuras dos ex-diretores Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró. Sancionada pelo presidente interino, Michel Temer, a nova Lei das Estatais tem como objetivo a tentativa de moralizar um pouco o oba-oba do fisiologismo. Desgastado pela queda de ministros envolvidos no Petrolão, Temer apresenta a medida como uma resposta. As novas regras proíbem que pessoas com atuação partidária ou que estejam em cargos políticos ocupem postos de direção das estatais. É um passo, mas ainda não disciplina a sede dos partidos. A Lava-Jato deixa muitas lições, mas a principal delas é que o combate à corrupção passa pela profissionalização do comando de órgãos públicos.
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Essa fase também reforça a participação do PMDB. Além de piorar a situação de Cunha, alcança o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL) e o senador Eunício de Oliveira (CE). Candidatíssimo à sucessão de Renan, Eunício não havia aparecido na Lava-Jato, mas foi citado por um delator como beneficiário de caixa 2. Também não espanta que empresa do dono da JBS tenha sido citada. Afinal foi uma das principais financiadoras da campanha de 2014.
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UPA fantasma
O ministro Ricardo Barros (Saúde) confirmou à coluna que não tem autorização do Ministério da Fazenda para a publicação de portaria, liberando recursos para novas Upas. Não tem dinheiro para colocar em funcionamento os prédios prontos, mas que não atendem à população. Uma das saídas é autorizar a flexibilização das regras, como a utilização dos prédios para abrigar postos de saúde. Para isso, é preciso autorização do TCU.
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