Está em curso em Brasília uma operação para tentar salvar o mandato de Michel Temer. A primeira fase está concentrada no Tribunal Superior Eleitoral, onde os ministros retomaram nesta quinta-feira o julgamento da cassação da chapa Dilma-Temer. A tese dos advogados não poderia ser mais estapafúrdia: eles querem o descarte de todas as informações repassadas pelos delatores, porque elas não estavam na petição inicial, apresentada pelo PSDB em 2014.

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Em depoimentos ao TSE, Marcelo Odebrecht e os marqueteiros João Santana e Mônica Moura reconheceram que houve uso de caixa 2. E isso não será levado em conta em um julgamento que analisa abuso de poder econômico? Parece deboche. Mas não é.

Os embates do relator, Hermann Benjamin, com o presidente Gilmar Mendes são reveladores. Mendes chegou a ser deselegante com o colega, ao dizer que os argumentos do relator eram falaciosos. Aliás, Gilmar conseguiu assumir um protagonismo desnecessário, tentando dar o tom dos próximos passos do julgamento. Benjamin, no entanto, demonstrou de forma muito consistente que a Odebrecht estava desde o começo na ação. É uma clara queda de braço.

Advogados, na quarta-feira, chegavam a apostar que o julgamento terminará 4 a 3 pela absolvição da chapa. Tese difícil de levar adiante, diante dos argumentos do relator.

— Na Justiça Eleitoral não trabalhamos de olhos fechados — disse Benjamin.

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Será?

Até o fim

Ao avisar que o TSE poderá ter sessões até no sábado, se for necessário para concluir o julgamento, o presidente Gilmar Mendes dá sinais de que não conta com um pedido de vista logo depois do voto do relator, como era especulado.

Esfarrapada

Em nota, a presidência da República reconhece que o então vice-presidente Temer e a família pegaram carona em um jatinho para ir de SP a Bahia, mas não sabiam de quem era a aeronave e não pagaram pela viagem. É para acreditar? Joesley Batista já contou que o jatinho era dele.

Sem segredo

O STJ levantou o segredo de Justiça do inquérito envolvendo o governador Raimundo Colombo. No material, há o detalhamento da delação do ex-executivo da Odebrecht Paulo Roberto Wenzel, além de fotos da Casa d’Agronômica e do restaurante Toca da Garoupa, onde Wenzel disse que se encontrou com o ex-secretário Antonio Gavazzoni no dia 3 de fevereiro de 2015.