O PSDB sai das eleições municipais turbinado para a disputa presidencial de 2018. O segundo turno reforçou o que a primeira etapa havia revelado: o eleitor identificou nos tucanos a antítese do PT, o grande fiasco do pleito de 2016. O PSDB conquistou 14 cidades somente neste segundo turno, das quais sete capitais. Colocou a sua bandeira, inclusive, em áreas tradicionalmente comandadas pelo PT, como São Bernardo do Campo. Além disso, efeito Dória-Alckmin se espalhou pelo interior de São Paulo, credenciando o nome do governador paulista Geraldo Alckmin para a próxima disputa presidencial.

Continua depois da publicidade

Na esteira da chamada “onda azul”, as eleições 2016 também mostram uma guinada do eleitor à direita. Uma tendência que já se revelava na escolha do Congresso em 2014, veio com tudo no primeiro pleito pós-impeachment. A vitória de Marcelo Crivella (PRB) no Rio, sobre Marcelo Freixo (PSOL) é um exemplo. Mas por várias cidades ganharam espaço os discursos de candidatos mais conservadores, não só nos costumes, mas na política econômica. Diante da falta de recursos, a defesa das concessões e privatizações foi usada sem medo. Neste caso, o fim do preconceito envolvendo parcerias com o setor privado é um avanço.

Essa eleição teve um modelo básico de candidatos. Na maioria dos casos, convenceu quem se vendeu como gestor e antipolítico. Até políticos conhecidos usaram a embalagem do novo e do administrador para chegar ao coração do eleitor cansado de promessas. Uma fadiga que se revelou de maneira assustadora no alto índice de brancos, nulos e abstenções. Vencedores e derrotados precisam avaliar com esmero o recado de quem não quis escolher um prefeito. Há um desencanto geral, prova de que essa política que desfilou na campanha de 2016 também não agrada.

A derrocada do PT

Continua depois da publicidade

O segundo turno das eleições municipais confirma a derrocada do PT. O partido não conseguiu eleger nenhum candidato nas sete cidades em que disputava o segundo turno e fecha o pleito apenas com uma capital: Rio Branco, com o prefeito reeleito Marcus Alexandre. No primeiro turno, entre as 254 cidades que o PT conquistou são destaque: Rio Grande (RS) e Araraquara (SP).

O partido derreteu na Grande São Paulo e em cidades do Rio. Colou nos candidatos a crise nacional que assola o partido, formada pelo escândalo da Lava-Jato e pela responsabilidade do governo Dilma na crise econômica. Com o resultado, o PT volta 12 anos no tempo em prefeituras administradas. Além de desidratado politicamente, o partido enfrentará problemas na arrecadação daqui para frente.

O imortal

Nem todos os eleitores buscaram novidade. Iris Rezende, 82 anos, volta à prefeitura de Goiânia 51 anos depois de ter administrado o município pela primeira vez. No total, o peemedebista comandou a capital por quatro vezes. Desta vez, contou com o apoio do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO).