O país atinge o momento mais agudo da crise política que consumiu 2016. É a crise institucional. O conflito entre os poderes, com um jogo de forças entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, alimenta um clima de salve-se quem puder. A insegurança chegou a tal ponto que não sabemos quem será o presidente do Senado na próxima semana, quando o plenário deveria votar o segundo turno da PEC do Teto de Gastos.

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Réu, respondendo a mais 11 inquéritos, alvo de protestos, símbolo de corrupção, Renan Calheiros (PMDB-AL) decidiu desafiar uma decisão monocrática, em caráter liminar, do ministro Marco Aurélio Mello. Protegido pelo espírito de corpo que toma conta do Legislativo, Renan se agarra ao poder. Enquanto isso, o Brasil derrete.

É verdade que o ministro poderia ter evitado esse questionamento se tivesse levado a decisão ao plenário da Corte. Seria o mais sensato. Mas Marco Aurélio gosta de alimentar polêmicas. Desta vez, no entanto, a reação radical e até virulenta de Renan poderá virar um tiro no pé. Depois de ver o Supremo desafiado, será interessante observar como os demais ministros se comportarão no julgamento.

Ontem, parlamentares apostavam que o afastamento do peemedebista será mantido. Independentemente do resultado desta queda de braço, o fato é que a votação do segundo turno da PEC do Teto já corre riscos, não se sabe qual o destino da recém-lançada reforma da Previdência e a recuperação da economia fica cada vez mais distante.

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Calendário

Líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer está de olho na folhinha. A principal preocupação dos tucanos é com a aprovação da pauta econômica no Senado, em especial a PEC do Teto. Se for preciso, afirma o senador, o plenário poderá funcionará até a véspera do Natal. Ao lado do governo Temer, o PSDB não quer fechar o ano deixando a PEC para 2017. A crise envolvendo o presidente do Senado pode comprometer os planos.

Pressa

Relator da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Alceu Moreira (PMDB-RS) pretende entregar conclusões ainda hoje, no final da manhã. Mas a admissibilidade é apenas o primeiro passo. O debate pega fogo, mesmo, no início de 2017. E não será fácil.