Michel Temer está em busca da equipe econômica perfeita. E tem poucas semanas para convencer especialistas ressabiados com uma cena política que mistura crise econômica com escândalos de corrupção em série. Acusado de golpista e traidor pelos petistas, o grande comandante do PMDB sabe que terá um único tiro para acertar a mão, atraindo a confiança dos mercados logo no início do governo de transição. Se queimar na largada, o marido de Marcela corre o risco de nem mesmo chegar a 2018. Diante deste cenário, antigos adversários convertidos em aliados têm discursado pelos corredores do Congresso:

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– Ele terá de ser menos Temer e mais Itamar.

O recado é que ele precisará buscar a unificação das forças no Congresso, construir uma base parlamentar sólida e colocar na rua, da maneira mais transparente, um plano imediato de recuperação da economia. O cenário das contas públicas não pode ser pior. O orçamento aprovado em 2015 previa a aprovação da CPMF até maio deste ano para cobrir as despesas. Mais uma irresponsabilidade fiscal do governo petista. E se Temer começar os seus dias como presidente aumentando a carga tributária, será um balde de água fria nos apoiadores.

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Do outro lado, o PT afia as garras para voltar a ser oposição. Mergulhado na Lava-Jato até o pescoço, o partido vai passar dois anos batendo no PMDB, na tentativa de se reconstruir para 2018. Se o impeachment passar mesmo no Congresso, Dilma já afirmou que é carta fora do baralho. Se escapar do juiz Sérgio Moro, o ex-presidente Lula pretende continuar no jogo.

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“Quando o tempo chegar, terei gabinete na cabeça”, diz Temer

O grande problema é que as regras do cassino continuam as mesmas. Partidos que trocaram de lado e apoiaram o impeachment estão agora esperando a compensação na forma de cargos e postos nas estatais. No Salão Verde da Câmara não faltam candidatos a ministros. Se não reduzir o tamanho da máquina de maneira radical, implementando uma política fiscal rígida e eficiente, Temer será engolido pela história.

TITULAR – O senador Dário Berger (PMDB) passa de suplente para titular na Comissão Especial do impeachment na próxima segunda-feira. Ele já abriu voto a favor do impeachment, reforçando a tendência da comissão.

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