Disposto a concentrar a agenda de janeiro em anúncios positivos, o governo Temer está sendo atropelado pelos fatos. E não pode dizer que foi pego de surpresa. Resultado de anos de negligência, o sistema prisional virou uma bomba. Embora o ministro Alexandre de Moraes (Justiça) garanta que não há perda de controle, os massacres de Roraima e do Amazonas mostram que a incompetência do poder público chegou ao limite. Os Estados e a União são responsáveis pela crise atual. O resto é desculpa.
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Quando a economia do Brasil passava pelo seu melhor momento não ocorreram os investimentos necessários, nem o desenvolvimento de políticas públicas para o setor. Agora, não existe dinheiro e as medidas saem de improviso. Segurança pública é multidisciplinar, não se faz apenas com presídios. Educação, saúde, presença do Estado na periferia, combate à corrupção e policiais valorizados, além de presídios seguros, integram um pacote de sucesso em várias partes do mundo. Mas o que esperar de situações em que representantes do Judiciário e da política se envolvem com facções criminosas? Sim, muitas vezes é de perder a esperança.
Concentrado nas questões econômicas e com assessores na mira da Lava-Jato, Michel Temer demorou demais a lançar medidas na área da segurança. O ministro da Justiça ficou mais conhecido pelas declarações polêmicas do que pelos anúncios efetivos. Fazer de conta que o problema não existia foi a pior estratégia. Criticado, Temer tirou da cartola um Plano Nacional de Segurança bem capenga. Os cinco presídios federais vão demorar a sair do papel – como é de praxe para qualquer obra pública – e a implantação ou ampliação das patrulhas especiais dependem de investimentos diretos nas polícias locais. É positivo que políticas especiais de combate à violência contra a mulher tenham entrado em um plano nacional. Pelo menos, estão reconhecendo que existe a deficiência. A grande dúvida é se a promessa vai se transformar em alguma ação concreta.
Sonhou
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Responsável pelo programa de concessões do governo, Moreira Franco foi para as redes sociais pedir o fim do recesso parlamentar. Está preocupado com as finanças do Rio e quer celeridade na análise de projeto que suspende o pagamento da dívida dos Estados com a União. Esse item foi vetado do texto da renegociação das dívidas, porque os deputados retiraram as contrapartidas. Ninguém acredita que eles voltem antes de fevereiro.