Só a aprovação da PEC do teto de gastos salva o governo Temer do fracasso total neste final de ano. O efeito das delações da Odebrecht e a falta de medidas para estimular a reação da economia chegam a desanimar até os empresários mais próximos do peemedebista. O programa de concessões, saída para atração de investidores, patina. Com exceção do processo dos aeroportos – que já estava bastante adiantado no governo Dilma – as demais modelagens continuam no papel. Além dessa demora, a crise política se torna ainda mais aguda. Sem estabilidade não tem investidor. E hoje, em Brasília, ninguém tem certeza do dia seguinte. Longe do apoio das ruas e diante da desconfiança dos mercados, o presidente Michel Temer trabalha para reforçar a base no Congresso e levar o governo até 2018. Por isso a decisão de abrir ainda mais espaço no governo ao PSDB e as conversas reservadas com o líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF).
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Fora da festa
Embora o Ministério Público tenha organizado uma força-tarefa com mais de 80 procuradores para agilizar os depoimentos dos executivos da Odebrecht, a Polícia Federal não foi chamada a ajudar. A medida pegou mal entre investigadores da Lava-Jato, que consideram mais produtiva a participação em todo o processo.
É demorado?
Além de réu por peculato, agora o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por irregularidades na Lava-Jato. Com a palavra o Supremo Tribunal Federal, que levou nove anos para julgar o primeiro caso.
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Sem arriscar
Relator da PEC das eleições diretas em caso de queda do presidente – em qualquer período do mandato – o deputado Esperidião Amin (PP-SC) não tem esperanças de votação na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ). Segundo ele, por determinação do próprio governo, a proposta foi colocada na geladeira.
Plano B
Chamado de Índio pela turma da Odebrecht, o senador Eunício de Oliveira (PMDB-CE) já era considerado nome certo para substituir Renan Calheiros na presidência do Senado. A cúpula do PMDB ainda não desistiu da estratégia, mas se a situação ficar insustentável, há outros nomes da confiança do governo na fila.