O PT aprendeu com o Mensalão que, para a militância, é mais importante a versão do que o fato. Esse ensinamento foi levado, nesta quarta-feira, às ruas de Curitiba e às redes sociais, com um farto material que mostrava fotos do ex-presidente Lula abraçando criancinhas, em meio ao povo, na figura de grande líder popular. Tudo para sustentar a tese de que o ex-presidente é vítima de uma perseguição política e de um juiz malvado.

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Mobilizado – bem mais empenhado no que no impeachment –, o PT conseguiu transformar um interrogatório em um ato político. Assim como o partido saiu do julgamento do Mensalão, alegando ser vítima de uma injustiça e demonizando o então ministro do STF, Joaquim Barbosa, o PT trata de construir a sua própria narrativa para a Lava-Jato. Acredite quem quiser.

Mestre na arte do palanque, Lula chegou para o interrogatório como se estivesse vestido para um debate eleitoral, com a sua já conhecida gravata verde, amarelo e azul. Depois de fotos com os parlamentares e ex-ministros que o aguardavam, de um abraço em Dilma Rousseff, foi para o depoimento.

Os petistas apontam Sergio Moro como o algoz da vez, e dentro da lógica do ¿nós contra eles¿ – muito utilizada por Lula – o juiz é o vilão. O fato é que o PT está até o pescoço na lama da Lava-Jato. Tesoureiros do partido foram presos.

Também atrás das grades, o ex-ministro Antonio Palocci continua disposto a negociar uma delação premiada. E, de novo, Lula não sabia de nada? Voltando aos fatos: Lula é réu em cinco processos e o interrogatório de ontem foi sobre o caso do triplex. A empreiteira afirma que o apartamento estava reservado, mas não está no nome dele. A Justiça concluirá se o ex-presidente é ou não culpado. Na cabeça da militância e de aliados que precisam de Lula politicamente vivo, o que vale é a versão. Narrativa que será útil, principalmente, em um cenário de condenação.

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NÃO FOI

O deputado Pepe Vargas foi o único da bancada gaúcha do PT na Câmara que não foi para Curitiba. Houve um acordo para que alguns parlamentares permanecessem em plenário para a votação dos destaques do projeto da recuperação fiscal dos Estados, de interesse do RS. No Senado, de todos os petistas, apenas Paulo Paim não foi.

APOIO

Os dois deputados catarinenses do PT, Pedro Uczai e Décio Lima, foram até Curitiba . Houve um acordo para que alguns parlamentares do PT permanecessem em plenário para a votação dos destaques do projeto da recuperação fiscal dos Estados.