Os investigadores da Lava-Jato já fecharam a estratégia para acelerar a conclusão dos inquéritos envolvendo políticos poderosos. A intenção é apresentar as denúncias o quanto antes ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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À coluna, um dos integrantes da força-tarefa informou que aqueles casos com maior número de provas à disposição serão priorizados. Em pelo menos um processo de pagamento de propina disfarçado de financiamento oficial de campanha, por exemplo, os procuradores já contam com documentos comprovando a operação criminosa. A expectativa é que a Procuradoria Geral da República encaminhe pedidos de abertura de inquérito, envolvendo mais de uma centena de políticos, por isso a necessidade de estabelecer critérios de urgência. Assim que o ministro Edson Fachin autorizar os inquéritos, a equipe coloca o plano em ação. E tem político graúdo na mira.

Na apuração, a PGR utilizará os registros do sistema de informática criado pelo departamento de propina da Odebrecht, o Drousys. Ali ficaram guardadas todas as movimentações, com nome e sobrenome dos beneficiados. Há identificação de repasses diretos para políticos ou custeio de campanhas eleitorais por dentro ou por fora. É a caixa preta da safadeza. Esses dados serão cruzados com o que foi revelado nas delações dos executivos da construtora.

A preocupação com o ritmo dos trabalhos tem sentido. Vale lembrar que está pendente a maioria dos casos da primeira lista de Janot, datada de 2015.

O temor é que a Lava-Jato perca fôlego na sua fase mais nevrálgica. A segunda lista de Janot trará nomes de destaque do Congresso e do Palácio do Planalto. As investigações não podem patinar, sob o risco de ficar no ar a velha sensação de impunidade dos crimes de colarinho branco. Se os políticos envolvidos se safarem, a Lava-Jato morrerá na praia e perderá a credibilidade.

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Lula lá

O julgamento do ex-presidente Lula em primeira instância deve ocorrer até o final deste ano. Quem acompanha os prazos do processo da Lava-Jato acredita que ainda em 2017 haverá a conclusão de um dos casos. Ele só ficará impedido de concorrer às eleições de 2018 se for condenado em segunda instância. Lula é réu em cinco processos nas operações Lava-Jato, Zelotes e Janus.

No forninho

Para integrantes do Ministério Público, a repatriação de recursos enviados irregularmente para o Exterior e a tentativa de anistiar caixa 2 fazem parte do mesmo pacote. Especialistas em lavagem de dinheiro acreditam que tem político enrolado aproveitando as regras da repatriação para dar um jeitinho e esquentar verba oriunda de corrupção. O perdão ao financiamento de campanha não contabilizado completaria a blindagem.