O Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso tanto fizeram que conseguiram estender a crise entre os poderes para 2017. O destino do projeto das 10 Medidas contra a Corrupção só será definido pelo plenário do STF na volta do recesso. Até lá, o mal-estar ficará em banho-maria, assim como, no Congresso, a proposta sobre o abuso de autoridade e o ataque aos salários acima do teto aguardam conclusão. Faltam lideranças políticas de bom senso e com credibilidade para firmar um pacto de boa vizinhança entre os poderes. Sobram vaidades para atiçar a fogueira.

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Esse novo protagonismo assumido pelo STF surge à medida que os demais poderes se desmoralizam. Deputados e senadores perderam a medida do absurdo, votam projetos para salvar a própria pele. Um ex-presidente da Câmara está preso e o do Senado é réu. Do outro lado da rua, uma presidente da República sofreu impeachment e o substituto se equilibra na corda a cada vazamento de delação premiada. Desde o mensalão, quando corruptos foram julgados, condenados e colocados na cadeia, a população passou a prestar atenção no Supremo com elevada expectativa. E, então, alguns juízes começam a aparecer, opinar e se expor mais do que deveriam.

Com o avanço do braço político da Lava-Jato, a tendência é que mais processos envolvendo parlamentares com foro especial cheguem à mais alta Corte. Discreto e sensato, o relator, ministro Teori Zavascki, já reforçou a equipe para analisar os casos. Mas, certamente, precisará de ajuda para dar conta da demanda. Uma situação que elevará ainda mais a tensão na Esplanada e a queda de braço institucional.

Dono da agenda

Uma das principais críticas de deputados ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é que ele não manda na pauta da Casa. Parlamentares reclamam que Maia muda a agenda de acordo com orientação do Palácio do Planalto até mesmo em situações rotineiras. Além da picuinha política, essas alterações de agenda de última hora têm um custo. Deputados têm deixado para comprar passagens em cima do laço, pagando a tarifa cheia. Há convocação para votar o projeto da suspensão da dívida dos Estados na terça-feira.

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Tudo pronto

Marcelo Odebrecht já contou o que sabe aos investigadores da Lava-Jato. Os depoimentos da delação premiada mais temida dos últimos tempos terminaram na última quinta-feira. Advogado do empresário, Luciano Feldens já partiu para férias em Nova York.

Prato feito

Não é de se estranhar que o ministro Osmar Terra (Desenvolvimento Social) manifeste descontentamento com as novas regras dos Benefícios de Prestação Continuada, previstas na Reforma da Previdência. O texto não foi discutido com ministros ligados ao assunto, que simplesmente receberam as medidas prontas. Mexer em benefício de quem depende do repasse para sobreviver é algo que precisa ser melhor discutido. Terra, no entanto, está comemorando as adesões ao Programa Criança Feliz: são 553 municípios. Todos os Estados aderiram.