Integrantes do judiciário e do Ministério Público só se encorajam em fazer tanto barulho contra uma comissão para analisar os supersalários porque, por trás da proposta, está alguém sem legitimidade para tomar medidas moralizadoras. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) responde a 11 inquéritos no Supremo Tribunal Federal, está no foco da Lava-Jato e, claramente, vem liderando um movimento de tentativa de retaliação aos investigadores.
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O tal projeto do abuso de autoridade é só um exemplo. A nova bandeira, da caça aos fura-teto, no entanto, é mais do que necessária. É uma distorção que precisa, sim, ser enfrentada. A importância da iniciativa, no entanto, acaba questionada porque a ideia partiu de um presidente do Senado sob suspeita. O mesmo ocorre com relação ao apoio do Tribunal de Contas da União.
O presidente do TCU, Aroldo Cedraz, colocou os técnicos à disposição do Senado. Nada mais corriqueiro, já que se trata de um órgão que auxilia o Congresso no controle externo. Mas sempre surge uma pulga atrás da orelha, quando lembramos que o advogado Tiago Cedraz, o filho do presidente, também é alvo da Lava-Jato.
É por isso que a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), relatora da comissão, se apressou a afirmar que não fará uma caça às bruxas. E também é por isso que hoje ela se reúne com a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia. A missão é assegurar às conclusões da comissão a legitimidade que o tema exige. Em 20 dias, o diagnóstico de mais esse abuso com o dinheiro público deverá ser concluído.
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