Eduardo Cunha não é o único político poderoso envolvido na Lava-Jato, mas virou o símbolo da corrupção. Ele personificou, nos últimos meses, o resultado de um sistema político falido, que sempre apostou na impunidade para ter vida longa e tranquila pelos corredores do Legislativo federal. Arrogante, agressivo, conservador, especialista em barganhas, é o resumo de uma das piores legislaturas da história da Câmara. Por vingança – e exercendo o poder – instalou o processo que resultou no impeachment de Dilma Rousseff. Foi do céu ao inferno, consumido pelas próprias falcatruas.
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Não vamos esquecer que ele não chegou sozinho à presidência da Casa. Cunha, especialista em regimento, escalou posições com o apoio de boa parte de sua própria bancada, o PMDB, e da maioria dos partidos. Os peemedebistas o elegeram como líder da bancada e, depois, o ajudaram a chegar ao comando da Câmara. Por isso mesmo, ele apelou para o discurso do efeito Orloff: “eu sou você amanhã”. Outros tantos deputados também estão sendo investigados na Lava-Jato e também poderão ser julgados no futuro.
No plenário, parlamentares lamentavam estar participando da cassação de um colega. Mas Cunha, além do conjunto da obra, errou na articulação política das últimas semanas. Declarou guerra ao procurador geral da República, Rodrigo Janot, e apostou no tempo, achando que o relatório do Conselho de Ética não seria votado tão cedo. Mas só ficou ao lado do “Malvado Favorito” quem de fato deve uma conta alta a ele.
Apelou
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Cunha ainda fez uma última tentativa, telefonando para os deputados, em busca de apoio. Na conversa, quando o colega avisava que ia votar pela cassação, apelava para o pessoal:
– Mas o que eu te fiz para você concordar com essa baita injustiça?
Folgão
Os deputados, agora, só voltam a se reunir em Brasília no dia 3 de outubro. Até lá, estão liberados do ponto no plenário para se dedicarem às eleições municipais. Aliás, essa é a principal preocupação dos parlamentares. Lei do teto de gastos e reformas, só para depois.
Bem-vinda
Cármen Lúcia não decepcionou quem aguardava uma nova presidente do Supremo Tribunal Federal com discurso menos corporativista e de maior respeito com o cidadão. Agora, é esperar que diminua a pressão para que o Senado aprove o aumento dos ministros do STF.