Embora esperada, a prisão de Eduardo Cunha caiu como uma bomba na capital federal, deixando o Planalto e boa parte do Congresso sob alta tensão. Oficialmente, é óbvio que os principais ministros de Michel Temer vão negar preocupação, procurando descolar o presidente da República do mais novo inquilino da carceragem em Curitiba. Balela. Vingativo, agressivo, encarcerado e preocupado com o destino da mulher e da filha – que também estão sendo investigadas – Cunha pode resolver falar, negociando uma delação premiada, ou vazando documentos e informações que guardou ao longo da carreira política.
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Presidente da Câmara mais poderoso dos últimos tempos, Cunha conhece a fundo o submundo de Brasília. Não à toa chegou à liderança da bancada do PMDB e, em seguida, ao comando da Casa. Circulava até pouco tempo com desenvoltura pelo Palácio do Jaburu e era bajulado pela maioria dos deputados, inclusive peemedebistas da bancada gaúcha. Agora, se vai fechar delação premiada, é outro capítulo. Depende não só da disposição dele, como da vontade dos investigadores. Muitos defendem que a prisão e condenação de uma espécie de poderoso-chefão é muito mais emblemática que a delação com redução de pena. E há quem argumente que ele precisará oferecer informações muito preciosas e inéditas para a colaboração valer a pena. Seria uma longa e difícil negociação, a exemplo do que já acontece com a colaboração de Marcelo Odebrecht. Mas isso é o futuro. De imediato, o presidente Temer adiantou a volta ao Brasil, a Câmara suspendeu a sessão do plenário e o mundo político entra em compasso de espera. Terá o Malvado Favorito vocação para aguentar o xadrez calado, como faz o petista José Dirceu?

A prisão de Cunha é um dos capítulos mais importantes da Lava-Jato, que entrou em 2016 com as atenções voltadas para o braço político deste grande escândalo de corrupção. Outros capítulos virão em breve, ainda mais explosivos.
Pente-fino
Na largada da perícia do auxílio-doença no Estado, o INSS já cortou 1.382 benefícios, ou 81,63% do total analisado tinha alguma irregularidade. Neste primeiro momento, a perícia passou o pente-fino em 1.693 casos. O processo segue até o final do ano.
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É uma praga
O foro privilegiado é uma das pragas do Brasil, responsável por alimentar a sensação de impunidade entre os poderosos. A prova é que bastou o processo de Cunha sair do STF e chegar em Curitiba para que ele fosse preso. Só para lembrar, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), coleciona 11 inquéritos no STF.
