Embora não seja o único político poderoso envolvido na Lava-Jato,Eduardo Cunha virou o símbolo do braço político da corrupção do petrolão. Ele personificou o resultado de um sistema político falido, de quem sempre apostou na impunidade para ter vida longa e tranquila pelos corredores do Legislativo. Ao se defender na tribuna da Câmara, alegou que estava sendo castigado pelo processo de impeachment contra Dilma Rousseff. Nada disso. Cunha foi cassado por 450 votos pelo conjunto da obra. Além de ter mentido na CPI da Petrobras, ao dizer que não tinha conta no Exterior, ele é duas vezes réu no STF, sua mulher e filha são investigadas. Alguma dúvida?

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A cassação de Cunha é uma saída para a Câmara e para o governo. A figura dele era um constrangimento, inclusive para a equipe do presidente Michel Temer, questionada sobre o destino do antigo aliado. A grande questão é o dia seguinte. Sem o foro especial, os processos dele ficarão sob a responsabilidade do juiz Sergio Moro e, certamente, andarão bem mais rápido. O peemedebista é uma bomba ambulante e já ameaçou com delações. Há quem pague para ver. Especialista em regimento, escalou posições com o apoio de boa parte da Câmara. Por isso apelou para o discurso do “eu sou você amanhã”. Mas só ficou ao lado do “Malvado Favorito” – inclusive faltando à sessão – quem tem alguma dívida com ele. A bancada gaúcha, por exemplo, votou em peso contra ele, com exceção do deputado Sérgio Moraes (PTB), que não apareceu.

Apelou

Cunha ainda fez uma última tentativa, telefonando para os deputados, em busca de apoio. Na conversa, quando o colega avisava que ia votar pela cassação apelava para o pessoal:

– Mas o que eu te fiz para você concordar com baita injustiça?

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(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

Folgão

Os deputados, agora, só voltam a se reunir em Brasília no dia 3 de outubro. Até lá, estão liberados do ponto no plenário para se dedicarem às eleições municipais. Aliás, essa é a principal preocupação dos parlamentares. Lei do teto de gastos e reformas, só para depois.

Bem-vinda

Cármen Lúcia não decepcionou quem aguardava uma nova presidente do Supremo Tribunal Federal com discurso menos corporativista e de maior respeito com o cidadão. Agora, é esperar que diminua a pressão para que o Senado aprove o aumento dos ministros do STF.

(Foto: Beto Barata / Presidência da República)