Não houve nada de improviso na renúncia de Eduardo Cunha(PMDB-RJ), nem mesmo a voz embargada. Atolado na corrupção, ele deixa a presidência da Câmarana tentativa desesperada de adiar a perda do mandato. A reunião da CCJ da próxima segunda, por exemplo, já foi adiada. Mesmo assim, ele já está agonizando, perdeu o timing. A cada dia, o Ministério Público divulga uma nova falcatrua. Mesmo que ele consiga eleger um aliado para a presidência da mesa — o que é muito provável — fica uma grande dúvida. Estará o novo presidente disposto a pagar o preço do salvamento? Até o governo Temer, que nas sombras ajuda Cunha, não morrerá abraçado no político que, hoje, virou o símbolo da roubalheira.
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Cunha costura essa renúncia desde a semana passada. Na noite de quarta-feira, o amigo Carlos Marun(PMDB-MS) já sabia que ele estava preparando o discurso. Para o Planalto, não poderia ser mais cômodo. Ele renuncia e um novo presidente é escolhido, com condições de levar adiante as votações em plenário, longe das trapalhadas do atual presidente, Waldir Maranhão(PP-MA). Mas o combinado entre o peemedebista, o Centrão(união de partidos como PP, PSD, PTB) e o Planaltoé que o escolhido será alguém que pegue leve com o ex-Malvado Favorito. Mas existem reações. E também é claro que tudo tem seu preço. Com a eleição marcada às pressas, os próximos dias serão de intensas negociações, envolvendo o comando da mesa em 2017. E lideranças de partidos negociam na mesma lógica de sempre, da vantagem pessoal. O ideal seria que até mesmo para o mandato tampão fosse escolhido um parlamentar acima de qualquer suspeita.
– É uma travessia.Precisamos recompor a Casa – argumenta Esperidião Amin (PP-SC), pré-candidato alternativo.
Cunha foi o mais poderoso presidente que já cruzou o Salão Verde, vingou-se, derrubou uma presidente da República e chega ao fim de maneira deprimente. Tenta posar de vítima, reclamar do PT, mas é alvo dos próprios erros. Mas deixa uma escola montada, um baixo clero fisiologista e empoderado que não quer largar o poder.
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