Com ou sem greve geral, o governo Temer precisa das reformas para sobreviver. É por isso que o peemedebista não vai recuar da proposta da reforma da Previdência que já está na Câmara. Pelo contrário. Sem votos para garantir a aprovação, o Planalto vai começar a pegar pesado com aliados, cobrando fidelidade. Os protestos desta sexta-feira, porém, não podem ser ignorados ou desprezados pelos articuladores políticos do governo. As manifestações, mesmo que menores do que o Planalto temia, servem de mais um elemento de pressão em cima de deputados que estão preocupados mesmo é com a reeleição em 2018.
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O ministro Osmar Serraglio (Justiça) exagera quando afirma que os manifestantes deram um tiro no pé e que agora será mais fácil conseguir os votos necessários. Lembra o então ministro Miguel Rossetto que, diante das manifestações contra Dilma Rousseff, afirmou que tratavam-se apenas de eleitores de oposição. Deu no que deu. Deputados gaúchos e catarinenses aliados ao governo relatam o descontentamento de seus eleitores. São parlamentares do PP, PSD e PR que não se comoveram com os movimentos de ontem, mas também não garantem o apoio que o governo precisa.
O governo cometeu um grande erro de comunicação. Entrou de salto alto nas negociações, contando que haveria uma disciplina cega na Câmara. Deixou de lado as explicações à população sobre o objetivo das mudanças e o que ela significa na crise econômica. Além disso, o Ministério da Fazenda exagerou no tamanho do bode da sala e mandou um projeto duro demais. Agora, mesmo com a flexibilização, patina para explicar a nova proposta. Para a oposição, o discurso cai como uma luva e serve de elixir aos militantes que já andavam desanimados com o balaião da Lava-Jato.
Temer está perto de concluir um ano na presidência da República, com o desemprego em alta: 14 milhões de pessoas sem trabalho. Se não aprovar as reformas prometidas (Previdência e trabalhista), ele terminará 2018 sem uma marca. Será um fracasso.
FAZ DE CONTA
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Quem conhece o ritmo da Câmara, aposta que tanto o fim do foro privilegiado quanto o projeto do abuso de autoridade vão tramitar a passos lentos. A previsão é de que os assuntos fiquem em banho-maria até o final do ano.
MUI AMYGO
Depois de mais um vídeo criticando a Reforma Trabalhista, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) tirou os governistas do sério. Tem parlamentar defendendo que ele deixe a liderança do PMDB no Senado. O Planalto calcula que Renan tenha cinco senadores em seu grupo político, de um total de 22 da bancada.