A história de ascensão e queda do PT chega ao último capítulo, com a aprovação do impeachment da presidente Dilma pelo Senado. Só um milagre, daqueles de ungir santo no Vaticano, para virar um cenário já consolidado desde a aprovação da abertura do processo pela Câmara. Com tesoureiros presos na Lava-Jato, o seu principal líder, o ex-presidente Lula, indiciado pela Polícia Federal e uma presidente da República cassada, o PT será obrigado a purgar os pecados e se reinventar para continuar vivendo.

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Quanto a Dilma, confirmado o impeachment, encerra hoje uma insólita carreira política. Aliados da presidente, como o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), reconheciam já no início da tarde de ontem que não há como garantir os 28 votos para impedir o afastamento definitivo da presidente. A essas alturas, já está mais do que claro que esse é um julgamento político. É difícil imaginar Dilma voltando ao Palácio do Planalto, sem qualquer condição de aprovar medidas fundamentais. Aliás, ela não teria o apoio de seu próprio partido para fazer reformas necessárias. Nos discursos dos senadores pró-impeachment, os principais argumentos contra a presidente foram a crise econômica e a incompetência administrativa. E esses foram os maiores erros de Dilma. Burocrata, sem nunca ter enfrentado uma eleição antes, foi escolhida por Lula para sucedê-lo na presidência da República depois de José Dirceu e Antonio Palocci serem engolidos por escândalos. Era a gerentona, sem jogo de cintura, que chegava ao Palácio do Planalto.

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Uma imagem que não resistiu ao segundo mandato. Ela fracassou em uma área que considerava dominar, deixando de herança um país com desemprego que hoje atinge 11,8 milhões de brasileiros. Além disso, Dilma apostou que passaria incólume pelo escândalo da Petrobras. Conselheiros no Planalto preconizavam que Lula e demais lideranças seriam varridas, enquanto ela permaneceria firme em razão da biografia. Dilma e Lula são grudados, e a Lava-Jato carrega os dois. É verdade que se não fosse a vingança de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), talvez o processo de impeachment não fosse aberto. Em seguida, veio o desembarque do PMDB, que identificou a possibilidade de poder. Mas também é fato que Dilma e o PT erraram, desprezaram o Congresso, traíram velhas bandeiras e prometeram o que sabiam que não iam cumprir. O breve segundo mandato de Dilma ficará marcado pelo colapso político e econômico. E o argumento do golpe serve só de discurso para a militância que prefere não ver a que ponto chegamos.

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