Surpreendido por um turbilhão de críticas e deboches nas redes sociais, o governo Temer decidiu cancelar a licitação para compra de produtos de luxo e com preços acima do mercado para os passageiros do avião presidencial em 2017. Em meio à crise política, é um desgaste a mais para a imagem do peemedebista. O pregão foi lançado como algo rotineiro pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Vale lembrar que de 2009 até agora esse tipo de compra era feita sem licitação, o que é ainda pior. Mas faltou bom senso na escolha das marcas e nos valores. Enquanto o governo corta benefícios de famílias de baixa renda, o Palácio do Planalto previa a compra de 500 potes de sorvete Häggen-Dazs, cinco mil cápsulas de café, açúcar de coco e orgânico, entre outros quitutes. É claro que não pega bem. Quando se fala em austeridade, os cortes devem alcançar do teto de gastos aos privilégios das autoridades. No valor de R$ 1,75 milhão, esse cardápio é o retrato dos maus hábitos do poder público. Durante muito tempo, integrantes de diferentes poderes se acostumaram a gastar sem limites, beneficiando-se de luxos financiados com dinheiro do cidadão. Hoje, quem paga a conta não aceita mais esses abusos.

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Tem limite

Com o edital do Aerotemer na mão, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) chegou a ligar para o presidente da República, Michel Temer, que estava em viagem ao Nordeste. Disposto a cancelar a gastança, Padilha conversou com colegas do quarto andar do Planalto, alertando que o momento é inadequado.

(Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil)

Corrigindo

A Presidência da República ainda estuda se vai vetar ou sancionar o texto da renegociação da dívida aprovado pelo Congresso. A Câmara desfigurou a proposta da equipe econômica, retirando as contrapartidas. O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) avisou que vai exigir medidas de ajuste dos Estados no momento da negociação. Se depender do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), as contrapartidas serão regulamentadas por decreto.

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Encomenda

Além da suspensão da dívida por três anos, Estados como RS, RJ e MG poderão ter uma ajuda adicional. O presidente Michel Temer encomendou solução para esses casos específicos. O temor do Planalto é uma crise ainda mais séria na segurança dessas regiões.