O mais poderoso presidente da Câmara caminha para um fim melancólico. Afastado do cargo, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é abandonado pela sua tropa de choque. A maior prova do isolamento foi a entrevista que ele concedeu em Brasília. Ao contrário de outros tempos, quando carregava um séquito de deputados, ontem, ele chegou sozinho. Depois de tudo o que os investigadores da Lava-Jato já encaminharam ao STF – e do processo no Conselho de Ética -, não há defesa. Só um camicase político para permanecer no barco de Cunha. Até parlamentares que o defenderam no conselho já avisaram que a convicção se foi e que votarão pela cassação em plenário. Foi para mostrar que ainda não está morto que Cunha marcou a entrevista, transformada em um monólogo cansativo. Em uma hora e 45 minutos, ele fez um resumo dos fatos políticos, criticou o PT e disse que o ex-ministro Jaques Wagner ofereceu barganha para barrar o impeachment. Nenhuma novidade e nada que possa reverter o fato de que ele mentiu à CPI da Petrobras, quando disse que não tinha contas no exterior. Para concluir, o peemedebista não renuncia à presidência da Câmara e nem vai delatar. Impacto zero. Horas depois, na própria Câmara, o principal assunto das rodinhas de deputados já era o nome do próximo presidente da Casa.

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À paisana

Para não dizer que Cunha estava totalmente sozinho, dois parlamentares do PMDB acompanharam parte da entrevista, mas de longe. Chegaram atrasados e sentaram na área reservada aos jornalistas. Mauro Lopes (MG) e Saraiva Felipe (MG) tentaram ficar camuflados, tirando da lapela os broches de deputados.

O sucessor

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Petistas e tucanos consideram possível uma aliança na tentativa de emplacar um presidente da Câmara para o mandato tampão. Deputados argumentam que será desastre para a Casa a escolha de um afilhado de Cunha. O PMDB detectou o movimento e busca um nome em sua bancada.

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Civilidade

O ministro Luís Roberto Barroso resumiu bem o entendimento do STF sobre o lamentável caso de Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e as ofensas a deputada Maria do Rosário (PT-RS):

— Todas as pessoas merecem respeito e penso que ninguém deve achar que a incivilidade, a grosseria com o outro, são formas naturais de viver a vida.

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