Depois de 13 anos no comando, o partido da estrela começa a deixar o poder derrubado pela votação a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O processo ainda precisa passar pelo Senado, mas é muito difícil que os senadores governistas tenham fôlego para barrar a onda pró-impeachment que ganha ainda mais força a partir de hoje. Dono de um incrível senso de sobrevivência, ninguém imagina que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se arrisque a morrer abraçado ao PT. Ouça o comentário:

Continua depois da publicidade

Oficialmente, o motivo são as pedaladas fiscais. Na prática, Dilma é derrotada pela crise econômica, pelo envolvimento dos petistas nos escândalos de corrupção e pela própria falta de habilidade política. Orgulhosa da fama de durona, ela sempre desprezou o contato direto com os deputados e, de uma hora para outra, precisou descer do pedestal para implorar apoio. E começou tarde demais. Por arrogância ou excesso de confiança, a ofensiva do Planalto se concentrou no final de semana. O grupo do vice-presidente Michel Temer porém, já estava em campo. Dos dois lados, o argumento era o mesmo: distribuição de cargos. Temer, com sua perspectiva de poder e reconhecido por cumprir acordos, foi mais convincente.

Apesar de ampla, a base de apoio do governo petista nunca foi fiel. Enquanto a presidente contava com alta taxa de popularidade, o Planalto patrolava. O que não foi mais possível, a partir do momento em que as ruas começaram a gritar “Fora Dilma”.

Um vice-presidente, que não passa de 1% das intenções de voto para uma eleição presidencial, ganhou a queda de braço. Em tese, o apoio da Câmara estará garantido no período de transição. O grande desafio de Temer será implementar de fato um governo de unidade nacional, como promete aos quatro ventos. O PT já avisou que não baixará a guarda ou mesmo o reconhecerá como presidente. Os próximos dias, de articulações no Senado e possível afastamento de Dilma depois das conclusões da comissão especial, serão de tensão ainda maior.

Continua depois da publicidade