Ele era implacável. Cabeça-de-área típico: com raça e físico de impressionar. Passar por Jorge Luiz, o “Carneiro”, era quase impossível. Com um tempo de bola perfeito, o volante era um dos líderes do Joinville de 1979. O mestre do desarme e de belos lançamentos também sabia destruir. Sem medo do que diriam os narradores e jornalistas da época, não tinha vergonha em cometer faltas.
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Com o objetivo de não deixar a zaga desguarnecida, Carneiro colecionou cartões em um número infinitamente inferior que ao de fãs. O gaúcho, contratado em 1977, rapidamente caiu nas graças da galera tricolor.
O Joinville foi atrás do volante quando ele atuava no Palmeiras, de Blumenau, para reforçar o setor de marcação no meio-campo. Aos 25 anos, com a vontade de voltar a jogar em uma grande equipe do Estado, ainda dependeu da negociação com o ponta-direita Britinho para mudar-se para Joinville.
– Palmeiras só me vendia se o Britinho fosse junto – revela o ex-jogador do Joinville.
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A negociação foi para a frente e no Joinville Jorge Luiz se tornou “Carneiro” – apelido criado pelo jornalista Lourival Budal, da rádio Cultura, por causa da vasta cabeleira que utilizava na época em que era jogador.
Os esforços do presidente do JEC, Waldomiro Schützler, seria compensado com seis títulos consecutivos do Catarinense, entre os anos de 1978 e 1983. Em 1979, uma partida em especial marcou Jorge. Contra o Joaçaba, fora de casa, um episódio inusitado ainda gera risadas para o ex-jogador do Joinville.
– Aquele dia deu um rolo danado. Os jogadores do Joaçaba “sentaram na bola” e não deixavam nosso atacante bater o pênalti de jeito nenhum – relembra.
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Após muita confusão dentro dos gramados, e da falta de segurança gerada pelo nervosismo da torcida do Joaçaba, o árbitro da partida resolveu encerrar o jogo revertendo o placar da partida, que era de 1 a 0 a favor da equipe do Oeste.
Com os pontos conquistados no apito, o JEC alcançou antecipadamente o título estadual de 1979, sagrando-se três vezes campeão do Catarinense e bicampeão consecutivo. A faixa e o troféu foram entregues após o empate com a Chapecoense, por 1 a 1, no Estádio Ernesto Schlemm Sobrinho, o Ernestão.
A agitada vida noturna
– Eu gostava de sair na noite. Eles tentavam me prender, mas eu sempre dava um jeito. Nunca conseguiram descobrir minhas escapadas – revela, orgulhosamente, Jorge Luiz. O “Cinco de Ouro”, outro apelido criado pela crônica esportiva da época, tinha alguns segredos para não ser pego.
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O principal deles era evitar o uso do automóvel. Como os treinadores do JEC marcavam os pneus do carro com riscos de giz, para descobrir se seus comandados fugiam da concentração, a “manha” era sair de táxi ou a pé. Carneiro mantinha um excelente relacionamento com os seguranças do clube. Além disso, apesar de ter conquistado amizades, o gaúcho jamais saia acompanhado. Ele gostava de ir para a farra sozinho.