A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) deu início a uma pesquisa sobre a produção de carne cultivada, em parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa em Agropecuária). O estudo terá duração de 36 meses. A ideia é resolver um desafio da área: como transformar as células animais cultivadas em ambientes controlados em um alimento estruturado, como seria um bife, por exemplo.
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A pesquisa intitulada Pesquisa e desenvolvimento de carne cultivada estruturada com scaffolds de origem vegetal, coordenada pela professora do departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Silvani Verruck. As condições controladas incluem controle de temperatura, pH, níveis de nutrientes, umidade e concentração de gases, entre outros fatores, de modo a imitar as condições existentes no músculo animal.
O projeto vai envolver pesquisadores de diversas áreas do conhecimento e tem financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), agência pública de fomento à inovação. São R$ 2,4 milhões para contribuir com um campo de pesquisa recente, porém cada vez mais necessário. O motivo é que as projeções das Nações Unidas sugerem que a população mundial continue a crescer nas próximas décadas e alcance cerca de 9,7 bilhões em 2050.
— Vamos precisar de mais alternativas para produção de proteínas que possam suprir a demanda deste nutriente para toda a população. A produção convencional de proteína animal exige um amplo espaço de terra e recursos hídricos que são finitos. A expansão da sua produção será limitada pelos recursos naturais disponíveis. Por outro lado, a produção controlada de proteínas pode ocorrer em fazendas verticais, que já são realidade em outros locais do mundo — explica Silvani
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Em relação a viabilidade da produção deste alimento para consumo em grande escala, a pesquisadora assegura que é possível, mas ainda existe um longo caminho para ser percorrido. Isso porque, ainda existem “lacunas” de conhecimento científico que precisam ser preenchidas com os estudos que estão em andamento, para então a escala de produção seja ampliada e o valor final seja acessível ao público.
Bom para o meio ambiente, para a saúde e com gosto de carne
Para quem pensa no bem estar físico, a carne cultivada figura como uma possibilidade interessante. Em teoria, o teor nutricional é o mesmo da carne convencional, inclusive o teor de proteínas.
O alimento também pode ser considerado mais sustentável, já que após a coleta inicial da célula animal, a multiplicação pode ser feita por várias vezes, havendo ganhos no bem-estar animal. Além de usar menos recursos de terra, água e diminuir a emissão de gases do efeito estufa.
Em relação ao sabor, Silvani garante que não haverá perdas.
—O pedaço de carne que compramos no mercado atualmente nada mais é que um aglomerado de células musculares e de gordura (entre outras) estruturadas em uma estrutura tridimensional. A carne cultivada é produzida com as mesmas linhagens celulares e imitando o que acontece no animal, mas sem ele ser a ‘incubadora’ das células. Então, o sabor vai estar relacionado ao produto convencional — afirma a pesquisadora
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*Sob supervisão de Raquel Vieira
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