A carne, seja de gado, frango ou porco, segue fazendo parte da dieta diária do blumenauense. Apesar das notícias sobre a Operação Carne Fraca permanecerem nos holofotes, o hábito dos cidadãos pouco mudou na última semana e o churrasco do fim de semana segue garantido.
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Tanto em supermercados que atendem um grande público e comercializam carne embalada quanto em estabelecimentos menores os açougueiros não notaram diferença. Ronaldo Polucena Nunes, 32 anos, trabalha há quatro na função. No mercado onde atua, na Itoupava Central, afirma que as vendas seguem como antes das notícias de fraudes na fiscalização de frigoríficos:
– Um ou outro cliente pergunta, mas ninguém deixa de levar. Está 100% igual.
O gerente do mesmo estabelecimento, Lédio Gabriel, explica que apesar da espera pelo maior impacto na venda da carne embalada, só será possível perceber a diferença de fato dentro de dois ou três meses, já que o período atual tem diversas influências, como feriados, mudanças climáticas e a proximidade com o final do ano anterior, que geralmente é um período de vendas muito altas. Além disso, ele destaca a credibilidade que os procedimentos e profissionais do supermercado têm com os clientes:
– Muitas vezes a pessoa vem aqui, já conhece o açougueiro e só quer comprar com ele, ou sabe que da última vez ele indicou uma boa peça de carne e quer repetir, então as pessoas têm essa confiança.
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É exatamete isso que faz a apontadora de produção Leocádia Kosta, 49 anos, seguir abastecendo a geladeira com os cortes preferidos pela família. Sem preocupação, ela escolhe peça a peça as partes de carne bovina que vai levar para casa, e garante que vai seguir assim:
– Eu nunca compro carne embalada. Comprei só uma vez e estava estragada, depois nunca mais comprei. Enquanto eu puder olhar a carne e escolher exatamente o que eu quero, vou continuar comprando.
Açougueiro há 20 anos, Gerson Edinei Beje, 38, é funcionário de um pequeno mercado no Salto Weissbach. Assim como o colega de profissão da Itoupava Central, ele ressalta que os clientes seguem a rotina normal de compra de carnes, inclusive no final de semana.
– Nós temos bem pouca carne embalada. A gente recebe o boi e desossa ele aqui, o cliente já está acostumado, então para nós está igual. Só o que aumentou foram as piadas – diverte-se.
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Para o casal Simonia Buratto, 32 anos, e Gilson Buratto, 38, a Operação Carne Fraca também não teve impacto. A operadora de máquina afirma que não acredita no que está sendo noticiado e que vai seguir comprando as peças que mais gosta. Já o marido tem outra opinião:
– Eu acho que o governo quis tirar o foco da Reforma da Previdência, que era o que as pessoas estavam falando, para fazer o que eles quiserem. Porque depois que votam e aprovam tudo, aí ninguém mais muda.
A Associação Catarinense de Supermercados também diz que, por enquanto, as denúncias não impactaram as vendas nos estabelecimentos associados.
Fiscalização sem mudanças
A Vigilância Sanitária municipal informou que a orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é para que os municípios sigam os mesmos protocolos de fiscalização de produtos que já estão em vigor, ou seja, não há mudanças depois que a Operação Carne Fraca foi deflagrada. Isso porque a Vigilância Sanitária fiscaliza os itens já no ponto de venda, e não a produção das carnes, que é justamente o alvo da investigação da Polícia Federal.
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Segundo a Vigilância Sanitária a principal fiscalização de produto ocorreu quando foi proibida a venda de carne temperada nos estabelecimentos, artifício que podia ser usado para maquiar carnes que já não estariam em boas condições de venda. Hoje a comercialização de carne temperada é permitida, desde que a regras da Vigilância sejam seguidas, como a informação de data de produção e de ingredientes no rótulo, por exemplo.
Atualmente, apesar de não haver mudanças na fiscalização, ela é considerada bastante rigorosa nos pontos de venda. Em 2015 foram apreendidas oito toneladas de produtos sem condições de comercialização, incluindo carne, leite e derivados, entre outros produtos. O órgão ainda não concluiu o fechamento dos dados de 2016, mas estima que o número total de apreensões de alimentos impróprios para consumo esteja entre seis e oito toneladas.