Os dias de Carnaval pedem muito glitter, mas o que pouca gente sabe é que essas pequenas partículas são altamente poluentes. Um estudo liderado pelo médico Philipp Schwabl, pesquisador da Divisão de Gastroenterologia e Hepatologia da Universidade de Medicina de Viena, na Áustria, mostra que os microplásticos — resíduos plásticos com menos de cinco milímetros de comprimento responsáveis por aproximadamente 85% do lixo plástico encontrado na natureza — podem estar presentes até mesmo no organismo humano.
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A pesquisa apresentada em 2018 ainda não é conclusiva sobre o efeito nocivo ao ser humano, mas aponta que esse material acumulado no trato gastrointestinal tem a possibilidade de interferir na resposta imunológica do intestino — além, é claro, do risco ocasionado pela absorção de produtos químicos tóxicos pelo nosso corpo.
Para evitar esse tipo de contaminação, algumas ações podem ser levadas em consideração, e neste período de Carnaval, o uso do glitter biodegradável pode ser considerado como uma ação positiva para curtir a folia de forma consciente. Várias marcas como a Glitra Biodegradável, que produz purpurina vegana com celulose de eucalipto misturada a manteigas, óleos e ceras vegetais, já apostam no produto, que também pode ser produzido em casa. Confira como fazer glitter biodegradável.
Outra opção são as barras iluminadoras. A marca Sathya Handmade Cosmetics, de Florianópolis, desenvolveu o produto utilizando manteiga de cacau, manteiga de cupuaçu, cera de carnaúba e mica. Além de dar o brilho que o Carnaval pede e de hidratar a pele, as barras iluminadoras são veganas, o que significa que não utilizam nenhum ingrediente de origem animal.
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Descartáveis ficam de fora da folia
Diminuir o uso de descartáveis parece já ter entrado na rotina de muitos. O Rio de Janeiro foi a primeira capital brasileira a proibir o uso de canudos plásticos em quiosques, bares e restaurantes. Em Florianópolis, também é possível acompanhar esse movimento, alguns bares já aboliram o uso do canudo plástico, em outros, opções como o uso de canudo feito de palha de trigo fortalecem a corrente de um consumo e descarte consciente na natureza.
Os canudos de vidro, bambu e metal são outra alternativa para uso individual. Eles podem ser levados na bolsa e evitam o uso do canudo plástico, que corresponde a aproximadamente 4% de todo lixo plástico consumido no mundo, conforme dados apresentados pelo especialista marketing e meio ambiente Enrique Estrela, em entrevista ao jornal El País. Na Caule eco.lógicos distribuidora os canudos podem ser encontrados a partir de R$ 12 a unidade.
Para evitar o uso de copos descartáveis, o folião pode levar seu próprio copo de casa. O movimento Menos 1 Lixo que surgiu de uma inquietação sobre o uso massivo de copos descartáveis de plástico, oferece copos dobráveis livre de BPA, metais pesados e ftalatos, feito de material reciclável, com design e produção 100% brasileiros, respeitando pessoas e meio ambiente.

Fantasias conscientes
Para os foliões ecologicamente corretos, nada como reutilizar as peças do guarda-roupa para criar abadás e fantasias dignas de destaque de qualquer estandarte sem o consumo desenfreado. A Arranjos Express, franquia especializada em serviços de costura incentiva a transformação e preza pelo reaproveitamento.
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— Já que possuímos em cada unidade especialistas em customização de roupas, resolvemos unir forças para oferecer opções criativas para que o folião possa curtir o Carnaval sem repetir roupa e melhor, sem ter que adquirir peças novas, economizando no bolso e apoiando o consumo consciente — informa Paulo Alexandre, sócio-fundador da marca.
Ajustes, transformações, customizações e apliques são algumas das ideias que os festeiros encontrarão nas lojas da marca.
'Couro' vegetal
E para se vestir de forma consciente dos pés a cabeça, a marca Insecta Shoes oferece calçados confortáveis, que vão acompanhar os foliões em todos os dias de folia. Feitos de com Piñatex, tecido feito a partir do abacaxi, criado pela designer espanhola Carmen Hijosa que após anos de pesquisas e investimento em tecnologia, encontrou um produto tão resistente quanto o couro de animais, os calçados possuem um design moderno e são fresquinhos, tudo que é preciso para curtir o Carnaval sem se preocupar.

Para a produção do tecido, se utiliza 480 folhas da fruta, retirados de cerca de 20 abacaxis, para fazer um metro quadrado. Caso não sejam utilizadas para esse fim, geralmente, as folhas são descartadas e viram lixo.
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— O Piñatex é flexível, absorve bem as estampas e cores, e pode facilmente ser costurado — comenta Barbara Mattivy, fundadora da Insecta Shoes.
Além de evitar a crueldade animal para a produção do couro, o tecido de abacaxi utiliza uma quantidade menor de água e produtos químicos na sua produção, não necessita de fertilizantes extras e surge de uma matéria que seria descartada, sem contar que é um produto vegano, biodegradável e pensando de forma circular.