Após a entrega da chave da cidade para o Rei Momo na sexta-feira da semana passada (22), Florianópolis agora deixou a tristeza para trás. O enterro foi presenciado por milhares de pessoas no Centro da Capital durante a noite desta quinta (28), marcando o momento que antecede o início da folia que só irá parar na quarta-feira de Cinzas. A Polícia Militar ainda está contabilizando a quantidade de público que estava presente.
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Na teoria, todos os ingredientes do enterro estavam ali: um caixão, o defunto, a viúva, a dona morte e o coveiro. Porém, a marcha fúnebre teve ritmo um pouco diferente, mais próximo do samba e pagode, com a apresentação da tradicional Banda da Lapa do Ribeirão da Ilha, conhecida como a banda Zé Pereira.
Algumas outras diferenças também marcaram a solenidade. Em vez do silêncio para reflexão, o momento foi de folia, dança e alegria nos três trios elétricos. E as roupas pretas, tradicionais nos momentos fúnebres, deram lugar para as mais diversas e criativas combinações de cores.
Organizado pelo Bloco SOS, o enterro aconteceu durante o cortejo do grupo pelo Centro de Florianópolis. Os participantes saíram pela Avenida Hercílio Luz um pouco depois das 19h, percorrendo a rua Anita Garibaldi, a rua dos Ilhéus e chegando na Praça Fernando Machado, tradicional local de encerramento do bloco.
Mais cedo, o grupo esteve concentrado desde às 15h na praça da antiga rodoviária, entre as Avenidas Hercílio Luz e Mauro Ramos. Entre 16h e 19h teve apresentação da banda de pagode Doce Querer e após às 18h a Corte do Carnaval de Florianópolis chegou ao local.
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A tradição de enterrar a tristeza
O Bloco SOS foi criado em 1982 por servidores da área da saúde com objetivo de reunir os colegas de profissão em um momento de lazer. A partir de 1995, a Associação dos Funcionários Estaduais da Saúde de Santa Catarina (Afessc) passou a organizar também o Enterro da Tristeza, o qual não acontecia há alguns anos.
De acordo com o atual presidente da Afessc, José Roberto Jacques, o Enterro da Tristeza começou em 1964 organizado pelo antigo Clube Paineiras. Na época, um pequeno grupo saía pelas ruas da Capital carregando um caixão de papelão com bonecos na quinta-feira antes do Carnaval. Com o fechamento do clube, a festa passou a ser organizada pela Boate Dizzy e depois pelo Clube Ipiranga, do bairro Saco dos Limões.
Após o resgate do Enterro da Tristeza, a festa voltou a ser organizada anualmente, atraindo milhares de foliões todos os anos. O evento é tão esperado que os próprios moradores da Hercílio Luz enfeitam suas sacadas para esperar o bloco passar.
Festa continua na sexta-feira
O Enterro da Tristeza é apenas a abertura da semana de Carnaval em Florianópolis. Dezenas de blocos saem às ruas nesta sexta-feira em todas as regiões da Capital, conforme lista divulgada pela Prefeitura.
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Além disso, haverá o início dos eventos na arena de shows montada na Avenida Paulo Fontes. O primeiro dia terá no palco o sertanejo Thiago Brava, cantor de sucessos como Dona Maria, O Arrocha do Poder (360) e Lei do Desapego.