A presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, homologou na manhã desta segunda-feira as 77 delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht. O material será encaminhado agora para a Procuradoria Geral da República, que irá decidir sobre quais pontos irá pedir investigação. O conteúdo das delações será mantido em sigilo.
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A homologação foi possível porque os juízes auxiliares do ministro Teori Zavascki, morto em queda de avião em 19 de janeiro, concluíram na última sexta-feira as audiências com os executivos e ex-executivos da empreiteira.
Nos depoimentos, eles confirmaram que fizeram as delações por livre e espontânea vontade. Conforme Zero Hora mostrou em 15 de janeiro, pelo menos 229 políticos que têm ou tiveram mandato foram delatados (veja abaixo).
Entre os citados, há nomes de atuais e ex-ocupantes de cargos que vão de deputado estadual a presidente da República. O listão inclui ainda secretários de ministérios e outros servidores sem foro privilegiado ou que nunca tiveram mandato eleitoral. Entre os ex-presidentes do Brasil que teriam recebido caixa 2 da Odebrecht em suas campanhas estão José Sarney (PMDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e o atual presidente, Michel Temer (PMDB).
Entre os governadores e ex-governadores mencionados nas delações estão os paulistas José Serra e Geraldo Alckmin, além do mineiro Aécio Neves (os três do PSDB) e do fluminense Sérgio Cabral (PMDB). Todos são citados na delação do ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, já divulgada na íntegra pela imprensa.
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Zero Hora não cita os nomes dos demais políticos mencionados na delação da empreiteira porque os documentos ainda não foram liberados e carecem de provas adicionais.
Chama a atenção que, entre os 229 identificados pela reportagem, o número de parlamentares estaduais não passa de 17. Isso ocorre porque a Lava-Jato prioriza obras da União, que envolvem, quase sempre, propina a políticos de expressão ou representação nacional. A força-tarefa do MPF cogita criar extensões com núcleos regionais de procuradores para investigar contratos firmados pela Odebrecht nos Estados — o que demandaria novos interrogatórios dos 77 colaboradores da empreiteira. A possível formação dessas “mini-Lava-Jato” só será decidida após o STF ratificar a delação dos executivos.