A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), deixou o encontro realizado no apartamento da ex-senadora e ex-prefeita Marta Suplicy, nesta sexta-feira (28), após se ver em meio a um debate sobre descriminalização do aborto. 

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— Acabou a reunião — disse, entre risos, enquanto se despedia dos presentes.

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O tema foi discutido em um encontro promovido pela ex-petista com cerca de 30 líderes políticas, ativistas, personalidades, intelectuais e escritoras – todas mulheres –, com o objetivo de elaborar uma carta aberta à nação e estimular a inclusão de propostas para as mulheres nas campanhas à Presidência da República.

A ministra era aguardada com grande expectativa desde o início do encontro pela manhã, mas só chegou ao local por volta das 13h. Após discursar por meia hora sobre o combate à violência contra a mulher e almoçar, a magistrada se acomodou em uma cadeira ao lado de Marta, logo depois de tomar um café preto sem adoçante, para participar da reabertura dos debates.

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Sua presença na mesa principal durou pouco. A discordância começou quando algumas participantes retomaram a redação da carta e relembraram a proposta de pedir a regulamentação da interrupção da gravidez – um ponto pacífico até então. A ministra, que não tinha acompanhado a primeira parte da conversa, se opôs ao uso da palavra aborto na carta.

Em conversa com Marta, Cármen Lúcia chegou a propor que, em vez dessa abordagem, o documento mencionasse a necessidade de criação de uma secretaria de mulheres e pedisse um orçamento destinado a políticas que passassem por “questões da mulher”.

— Meninas, eu espero que vocês consigam chegar a algum [interrompe]. Eu tenho que ir embora para o meu voo — disse a magistrada, levantando-se da mesa. 

Questionada se estava indo embora por causa do voo ou do tema aborto, Cármen Lúcia desconversou e depois disse: 

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— Isso aí causa muita polêmica.

Depois que a ministra do STF deixou o local, Marta concordou que a carta deveria ser mais cautelosa. Algumas participantes se decepcionaram com a mudança no rumo do debate, mas a maioria concordou que não era hora de “ir com os dois pés na porta”, nas palavras de uma delas.

A versão final da carta, antecipada pela Folha, recebeu uma menção à “manutenção e expansão dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres”. 

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Marta Suplicy recebeu nesta sexta nomes como a senadora Simone Tebet, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), a presidente da OAB-SP, Patricia Vanzolini, e a escritora e diretora-executiva da Casa Sueli Carneiro, Bianca Santana, que redigiu o texto da carta em conjunto com as demais participantes.

A lista de presenças teve ainda debatedoras como a diretora do Instituto Marielle Franco, Anielle Franco, a líder do Movimento dos Sem-Teto do Centro, Carmen Silva, a artista e ativista Preta Ferreira, a advogada Sheila de Carvalho, a secretária municipal de Cultura de São Paulo, Aline Torres, a especialista em educação Claudia Costin, a escritora e roteirista Tati Bernardi e a jornalista Mariliz Pereira Jorge – as três últimas são também colunistas da Folha.

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*Por Mônica Bergamo.

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