Carlos Wagner: a água e a importância do pesquisador na fronteira

Ainda é embrionário. Mas está sendo articulado um projeto piloto de exploração das águas da bacia do Rio Quaraí, importante recurso hídrico da Fronteira Oeste que está integrado ao conjunto de rios da região e também ao Aquífero Guarani, um dos maiores reservatórios subterrâneos de água de mundo. Estes recursos pertencem a Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolívia, os países da chamada Bacia do Prata.

O conhecimento que será gerado pela pesquisa será usado por aqueles que apostam no ingresso da região em uma nova era econômica, que substituiria a pecuária extensiva pelo cultivo de frutas, profissionalização da criação de gado e parques eólicos (geração de energia pelo vento).

Um dos pesquisadores do projeto é o professor Humberto José da Rocha, do curso da Ciências Políticas da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), em Santana do Livramento. Rocha é um pesquisador calejado, autor da pesquisa Relações de Poder na Instalação de Hidrelétricas, transformada em livro e publicada pela Universidade de Passo Fundo (UPF).

O professor também integra o Projeto de Remanejamento da População Atingida por Empreendimentos Hidrelétricos, um grande estudo sobre as usinas construídas no Rio Uruguai, que está sendo conduzida por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Federal de Pelotas (UPel).

É importante falar que pesquisadores experientes como o professor Rocha estão sendo atraídos para a fronteira graças à Unipampa. Esse projeto piloto é importante na busca de uma solução para a complexa questão da exploração dos recursos hídricos entre os países sul-americanos, que já discutem o assunto no Programa de Gestão Sustentável para a Bacia do Prata, com apoio do Fundo Mundial do Meio Ambiente da Organização dos Estados Americanos (OEA). É bom lembrar que a disputa pela água doce é apontada como um dos conflitos do futuro.

*Carlos Wagner é repórter especial de Zero Hora