Personalidade que não deixa interlocutores indiferentes, o ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Carlos Lessa desembarcou nesta quinta-feira em Porto Alegre com a língua afiada. Fez questão de lembrar que havia sido “demitido” depois de criticar a política econômica do governo Lula e defender que a instituição atuasse como “hospital de empresas”. Implacável, destacou que seu chefe – e opositor -, na época, mudou de lado e agora quer ajuda do banco.
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Referia-se a Luiz Fernando Furlan, que voltou ao comando da Sadia depois que a empresa relatou perdas de R$ 760 milhões com operações cambiais.
– O BNDES não deve permitir a quebra de empresas estratégicas da economia brasileira – insistiu.
Advertindo que ninguém conhece a totalidade das operações como as feitas pela Sadia, no mercado de derivativos, Lessa defendeu um conjunto de medidas para impedir que o Brasil seja ainda mais contaminado pelos efeitos da crise. No seu heterodoxo repertório, estão a centralização do câmbio no Banco do Brasil, a manutenção do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), apoio às administrações municipais para melhoria da rede escolar e às estaduais para programas de saneamento básico, além da elevação dos salário básico dos profissionais de educação.
– Nesse momento, o PAC é intocável – defendeu.
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Entusiasta do fundo soberano aprovado quarta-feira no Congresso, Lessa sugeriu que uma boa aplicação seria a recompra dos papéis da Petrobras, que despencaram de valor na Bolsa de Nova York. Assim, além de fazer um investimento de retorno certo, o governo brasileiro eliminaria um dos problemas levantados para a exploração da camada pré-sal – a excessiva participação estrangeira entre os acionistas da estatal petrolífera.
– É uma aplicação excepcional do ponto de vista financeiro e ainda reforça a participação do Tesouro na Petrobras – sustentou, momentos antes de palestra feita a convite da Sociedade de Economia do Estado e da Associação dos Docentes da UFRGS.
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