Desde criança, tinha vontade de ser escritor. Crescendo, foi se tornando um leitor compulsivo, produzia os próprios gibis e rabiscava contos. Mas “precisou” ser recepcionista de hotel, vendedor de roupas e carros, contato publicitário até tornar-se o que melhor o define: um “serviçal” da leitura e da escrita. Carlos Henrique Schroeder chega aos 43 anos com dez livros escritos, é editor, tradutor, curador e coordenador de eventos literários.
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Tudo isto fora do eixo cultural do país. Preferiu ser um “ativista” da literatura no estado natal. Nascido em 1978, na pequena Trombudo Central, morou em Agrolândia, Rio do Sul, Balneário Camboriú e, há 20 anos, vive em Jaraguá do Sul. Embora sempre tenha morado em Santa Catarina, as palavras dele o levaram longe: palestrou na França (Sorbonne Université), Espanha (Casa Amèrica Catalunya) e México (FIL Guadalajara).
“As fantasias eletivas” foi considerado pelo jornal El País como “un libro plural que nos abre las puertas de una obra singular en la actual narrativa ibero-americana”. Também foi recomendado nos vestibulares da UFSC, Udesc e Acafe. O romance tem como ambiente a turística Balneário Camboriú, onde o personagem Renê, recepcionista de hotel, se torna amigo da travesti Copi.
Essa amizade é atravessada por fotografias, poesia, e, sobretudo, sinceridade. Schroeder escreve em prosa sobre um personagem que se expressa por meio da poesia. Hábil versatilidade neste ensaio da alma humana que reflete sobre a solidão e a criação literária.
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Alguns dos contos estão traduzidos para o inglês, alemão, espanhol e islandês. Dois livros ganharam adaptações em outras formas de expressão: “Ensaio do Vazio” recebeu uma versão para quadrinhos e “As Fantasias Eletivas”, para o cinema.
Toda essa história começou em 1998, aos 20 anos, quando estreou com a novela “O publicitário do diabo”. Doze anos depois ganhou o Prêmio Clarice Lispector, da Fundação Biblioteca Nacional, como melhor livro de contos do ano para “As Certezas e as Palavras”. Também em 2010 recebeu a Bolsa Funarte de Criação Literária, do governo federal, para produzir o romance “A Mulher sem Qualidades” e, em 2014, a Bolsa Petrobras Cultural, para o livro “História da chuva”. A obra mais recente dele é “Aranhas”, publicada pela editora Record, no ano passado.
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O escritor também é conhecido com um grande fomentador e difusor da literatura: fundou a Feira do Livro de Jaraguá do Sul, o Festival Nacional do Conto e auxiliou na criação do Salão do Livro da Serra Catarinense. Pela dedicação ao livro e à leitura recebeu a Medalha do Mérito Cultural “Cruz e Sousa” do governo de Santa Catarina, em 2016.
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Carlos Henrique Schroeder considera a trajetória não como um processo criativo linear, mas como projetos criativos, um camaleão mudando livro a livro. Em sua autobiografia, declara:
– Gosto de me desafiar, criar empecilhos para meus narradores, e se fosse para definir meu tipo de escrita, diria que é refém de minhas leituras, sempre dialoga com minhas leituras, pois sou, sobretudo leitor, antes de escritor.
*Texto de Gisele Kakuta Monteiro
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