‘Assim como as árvores, as empresas não crescem para sempre.’ Com a citação de Peter Drucker, austríaco considerado pai da administração moderna, o professor de inovação e competitividade da Fundação Dom Cabral, Carlos Arruda, abriu a palestra ‘Estratégia e Inovação’, que discutiu a sobrevivência a longo prazo das empresas brasileiras em uma época em que tantas iniciativas acabam se frustrando com pouquíssimo tempo de mercado.

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Arruda explicou que na esfera organizacional, as empresas tem um prazo de validade e inovação que é medido em ciclos de 30 anos. Todos os grandes investimentos, gerenciamento de grandes crises e as decisões mais impactantes são medidas dentro deste meio tempo.

O grande problema é que 77% das empresas que entram no mercado encerram suas atividades antes que um ciclo se complete, e que o grande objetivo da pesquisa que desenvolve em parceria com outras lideranças do setor organizacional é levantar as causas desse declínio, além de elaborar um manual de sobrevivência aos empreendedores.

– Dos 23% que completam com saúde os ciclos de 30 anos, um fator predominante tem sido a preservação do poder de decisão empresarial dentro da esfera particular da organização -, explicou Arruda, justificando que quando esse poder é dissolvido por meio de fusões, aquisições ou concordatas, fatalmente o controle vai ser menos preciso.

Para o professor, que é doutor em administração internacional, uma empresa só é capaz de pensar e especular a longo prazo enquanto for apta a gerar resultados.

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Arruda diz ainda que esse período organizacional de 30 anos representa, para a economia internacional, uma renovação da capacidade empresarial em ciclos curtos, fator que abre as portas para iniciativas inovadoras e originais, mas ao mesmo tempo força que essas empresas tenham operações flexíveis e bem planejadas.

– Com cenário que se desenha na economia global, o verdadeiro desafio do empreendedor tem sido o de se adaptar as mudanças e, na maioria dos casos, ser capaz de antecipá-las.

Baseado em sua experiência como gestor, Carlos Arruda dividiu os desafios do empreendedor moderno em três ações que, de acordo com ele, são as condições para que uma empresa possa planejar a longo prazo e sobreviver com saúde e autonomia no mercado mundial:

PROCESSO DE SUCESSÃO PLANEJADA

– Uma organização, por natureza, deve sobreviver ao empresário. Isso significa que o ciclo de dedicação do empreendedor uma hora vai acabar, e ele terá de passar a gestão para outra pessoa. Nesse caso, o melhor caminho é fazer essa transição com antecedência e planejamento. O antigo e o novo devem trabalhar em harmonia por muito tempo antes da autonomia e do poder de decisão ser passado de um para o outro. Nas empresas que sobrevivem, o sucesso tem sido garantido por lideranças que sabem transformar e adaptar os valores já estabelecidos, sem destruí-los ou substituí-los por valores novos e líquidos.

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CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL

– O crescimento é condição sine qua non para a sobrevivência, é importante que as organizações tenham isso em mente. E quando se fala de crescimento, se fala em expansão, em agregar valor, em elevação física e técnica. Não existe desenvolvimento sem crescimento, e a empresa que não desenvolve não gera resultados.

ANTECIPAÇÃO DO FUTURO

– O tempo é um fluxo contínuo, que começa no passado, passa pelo presente e chegará no futuro. O gestor moderno deve ser capaz de identificar no presente os fracos sinais que indicam o caminho a seguir no futuro da organização. As empresas precisam desenvolver esses mecanismos que a tornem capaz de antecipar as mudanças, e isso se faz com prognósticos, prospecções, orçamentos e, principalmente, planejamento.