A crônica, como gênero literário, nem sempre teve a consideração atual, que a faz parte da maioria dos jornais diários, pequenos ou grandes, exigindo dos seus autores a capacidade de elaboração e redução do texto em 2.200 caracteres, via de regra.

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Ela era preterida pelos folhetins, semanais ou mensais, na sua maior frequência.

O aumento do número de jornais diários obrigou a substituição dos folhetins pela crônica.

Li folhetins em jornais diários em Florianópolis, alguns escritos pelo saudoso Dr. Othon Gama D?Eça, misto de escritor, pintor, pianista e extraordinário orador, sobre crimes inventados por ele (pela atração curiosa da massa leitora).

A crônica, via de regra, é um episódio – real e/ou imaginário, versão de fato ou emoção – que exige do autor a capacidade de colocar, em um texto curto, causo com começo, meio e fim.

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Às vezes, um fim inesperado, o qual caracteriza o estilo do escritor. Ou, às vezes, sem este fim, mas um ponto final, encerrando o colóquio. A crônica é sempre coloquial. Inteligente, conversa com os leitores.

Tivemos e temos grandes cronistas, a começar pelo velho Machado de Assis, passando pelos seus contemporâneos José de Alencar, Lima Barreto, crescendo por João do Rio e chegando aos modernos: Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga (o Sabiá da crônica), com textos divertidíssimos.

No Estado, temos uma plêiade de bons na crônica, como J. P. Silveira de Souza – talvez o melhor texto catarinense hoje; Flávio José Cardozo; Rubens da Cunha; Hilton Görresen – o mais autêntico herdeiro da verve francisquense; Joel Gehlen, um virtuose; Júlio de Queiroz – premiadíssimo; Herculano Vicenzi, que explora um filão colonial; Carlos Adauto Virmond Vieira, com a sua crônica jurídica; Marcelo Harger, com as familiares; Anselmo Moraes, com a sua nostalgia pelo Bucarein da infância, o filósofo Gordurinha e o bar do famoso Chico do Ernesto; Ana Ribas Diefenthaeler, com as suas histórias sobre amizades; e Simone Gehrke, com o seu gostoso livro Percebes. Confiram!

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