Carlos Adauto: Suíte da vida hoteleira

Outro dos nossos primeiros hóspedes, o dr. Nilton, descendente de japoneses, veio prestar concurso ao Projeto Vega do Sul, na área de eletrificação. Um noitinha, após o Café Kolonial, saímos para os jardins do hotel e ele me observou:

– Como é escuro aqui fora.

A Celesc ainda não havia atendido ao nosso pleito, colocando postes e luminárias, de acordo com o nosso projeto já aprovado pela Celesc e a Prefeitura, que já haviam autorizado a sua execução. Não lhe respondi. Apenas apontei o indicador para o firmamento.

Ele olhou e exclamou:

– Minha Nossa Senhora, há quanto não via um céu tão lindo, tão estrelado!

E circunvagando o olhar, vaga-lumes!

***

Jair Barbosa, professor de filosofia e autor de algumas teses sobre Schoppenhauer, uma delas defendida em alemão, na Alemanha, hoje, à hora do café matinal, disse-me para que todos ouvissem:

– Adauto, por que não escreves sobre o hotel? Há tanto assunto interessante e literário. Vale a pena registrar.

– Já está sendo feito, meu caro filósofo. E tu fazes parte das anotações. Se vier a lume um livro, estarás nele e será a tua glória e a perenidade.

Rimo-nos todos.

***

Kristalina

Foi convidada a assumir a recepção do Hotel Porto de Paz. Fora empresária e conhecia as responsabilidades de tal tarefa. Acrescendo a ela, com criatividade, vínculo com as crianças filhas de hóspedes, a quem oferecia mágicas e brincadeiras no parque e na piscina. Estava hospedado Herr Buckmann, alemão da Alemanha, como se diz.

Extrovertida, falou-lhe dos seus projetos em benefício da praia, como atrativos à vinda de visitantes, turistas e proprietários. O seu totem de sandálias Havaianas encontradas na praia; dos bichos abandonados, que abrigava; e do Jardim Secreto. Quando encerrou as férias, Herr Buckmann perguntou como poderia ver o Jardim Secreto, pois ela não estava na recepção do hotel naquela manhã. A outra recepcionista ligou-lhe e falou do seu desejo. Ela pediu que lhe desse o endereço, a residência era próxima, e o mandasse para lá, pois o estaria esperando.

Então, a recepcionista lhe recomendou:

– Lava bem o Jardim Secreto, hein?