A manchete mais profética de “A Notícia” foi do inesquecível Nerval Pereira em 1º de abril de 1964: “Aconteceu o pior!” E passou a coluna para os teclados sem censura de Apolinário Ternes, um sucesso em mais de cinquenta anos. Ou, melhor, até há pouco.

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Durante algum tempo, o Lino, que era o poeta repentista do jornal, assumiu a chefia de redação. E, devidamente autorizado, anunciou que os colaboradores receberiam uma importância simbólica a título de salário (pois não recebiam nada, nem a assinatura do matutino, se o quisessem ler em casa).

Um dia, cheguei na redação e reclamei para o Lino que não tinha recebido o meu “salário simbólico de colaborador” e precisava dele para ajudar dois excepcionais que eu criava. Ele pediu ao tesoureiro que me pagasse. Recebi e fui ao escritório, a fim de ganhar mais algum para os excepcionais, que não custavam barato.

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O tempo passou, o Lino assumiu cargos mais importantes no Banco do Brasil e, uns dois anos depois, encontramo-nos e reiniciamos o velho papo sobre o jornal e a sua poesia repentista que desejava publicar, nem que fosse em cordel, com o meu apoio. E me perguntou: “E aqueles dois excepcionais que sustentavas?”; “Continuo sustentando: um está na Alemanha, defendendo tese sobre direito ambiental, e o outro é brilhante aluno de arquitetura na Federal de Curitiba”; “Eram os teus filhos?”; “Eram, não! São e continuam excepcionais”.

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De repente, o Maceió, que foi meu cliente num caso escabroso, em que foi acusado e lhe safei a liberdade e o casamento, me perguntou se lia a sua coluna esportiva. Respondi que não perdia uma, mesmo porque era escrita naquela linguagem barroca usada sempre pelo ministro Celso de Mello, no Supremo, em seus votos. Fiquei felicíssimo! Pena que tenha deixado o jornal. Era uma das suas mais lidas colunas.