Aos 84 anos, dividi o mundo em dois: admirável mundo antigo e inevitável mundo novo. De vez em quando, reencontro aquele primeiro em um filme, numa serenata, num livro. O outro, sou encontrado por ele na TV, no computador, no digital, e-book. Tive dois reencontros com aquele primeiro, em “O Balaio Gigante”, de Nelci Terezinha Seibel, duplamente acadêmica, por amor aos fatos antigos, como neste livro, quando reproduz com talento a saga da sua família em Bom Princípio, baseada numa fábrica de queijo artesanal, com indiscutível sucesso. Agora, os netos foram ao tema dos seus cachorros, melhores amigos — pela fidelidade, porque não falam, nem conhecem dinheiro, simplesmente amam seus donos — retribuindo-lhes o carinho, imortalizando-os num álbum de rara qualidade, ilustrado com fotos de alta resolução, já revelando talento literário a ser aproveitado, em futuro não distante, em concursos da Academia Joinvilense de Letras, como o que se encerrou agora, já a distribuir prêmios aos participantes e seus professores, uma das maiores preocupações da AJL em favor da cultura.
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Quem já teve cães sabe o que acontece. Já escrevi histórias sobre as cadelas que tivemos e temos: Iodée, Benedita e, agora, Rita Lee. Nomes em função dos seus pelos. Rita, a que sobrou, uma dogstreet lá da praia e que nos escolheu para sua vida, dorme ao nosso lado e, às vezes nos olha, pensando: “Se fui pobre e de rua, já nem me lembro”… Rainha do lar. É a primeira a se preparar para viajar, fazendo xixi para não nos interromper no caminho. Quando a viagem dura mais, fica hospedada na Pet Shop Vanille para não sofrer banzo.
Ana Taís Arnhold, Gabriel Kricheldorf Arnold, Maia Castro dos Santos, autores das aventuras dos seus Cachorros Aprontões, levam uma vantagem: moram em uma zona rural preservada, a qual continuará assim por muito tempo, se os vereadores — que pugnam por bem-estar dos eleitores — aprovarem o projeto do Vale Verde, uma tentativa honesta de enfrentar a selva de espigões e estacionamentos urbanos. Há uma paráfrase no livro-álbum: “Aprendemos com eles e escrevemos”. Impulsionados pelos genomas literários dos avós orgulhosos. Se houvesse um Nobel para petizes, eu os inscreveria para o disputar e receber, dando mais esta glória a Joinville. E, logo, também à AJL.
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