“Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”.
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O poema musicado de Walter Franco ornamenta uma das paredes da sede do Partido dos Trabalhadores (PT) de Joinville por escolha de Carlito Merss, que tem a letra como espécie de mantra. Pudera: aos 60 anos, ele está na sétima candidatura a prefeito de Joinville, cargo que ocupou entre 2009 e 2012 e ao qual tenta retornar em outubro, quatro anos depois de uma frustrada tentativa de reeleição. Enfim, o equilíbrio que prega a canção de Franco virou fator decisivo dessa retomada e é ingrediente fundamental para alguém cuja carreira política teve altos e baixos.
Confira os perfis dos outros candidatos a prefeito
Política que sempre foi um assunto corrente na casa de Carlito, em Porto União – pai, mãe e tio tinham fortes posicionamentos nesse sentido. Corriam os tempos da ditadura militar, o que, aliado ao fervor familiar, influenciou o rapaz no envolvimento com grêmios estudantis. A militância o fez cair nas garras da repressão, e a decisão de trocar a pequena cidade do Planalto Norte por Joinville para estudar e trabalhar acabou se mostrando providencial. Mas a orientação para que ficasse longe da política só foi seguida por seis meses. Logo, ele estava militando, quase às escondidas, no antigo MDB.
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– Você começa a ver que alguma coisa não está certa, e aí vem uma vontade de participar, de transformar – justifica Carlito, ao se referir à atração pela atuação partidária.
Graduado economista pela Furj (hoje Univille) em 1979, após passar por algumas empresas, Carlito começou a dar aulas de administração, em 1982. O exercício do magistério foi tocado em paralelamente à vida política, transformada para sempre quando, no ano seguinte, filiou-se ao PT, do qual se tornaria nome de proa na região Norte.
Até 1988, quando candidatou-se a prefeito pela primeira vez, Carlito só havia tido experiência como síndico do Condomínio Itaguara, no Guanabara, onde mora, no mesmo apartamento, há mais de 30 anos. Logo na estreia, ficou em terceiro lugar.
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Depois disso, virou rosto constante em eleições. A cada dois anos, era visto pedindo votos, elegendo-se vereador em 1992; deputado estadual em 1994 (quando foi obrigado a parar com as aulas); e federal em 1998, 2002 e 2006. Mas o sonho de ser prefeito continuava escapando-lhe pelas mãos.
– Sempre quis ser prefeito pela gratidão por esta cidade, onde me formei, trabalhei e casei. O Legislativo pode ser um pouco decepcionante. No Executivo, mesmo com todos os problemas, você faz uma creche, uma ponte e consegue interferir na vida das pessoas – diz.
Em 2008, na quinta tentativa, Carlito finalmente ganhou a eleição, mas não conseguiu mantê-la quatro anos depois, quando a candidatura foi barrada pela Justiça. Pensou em nunca mais concorrer a prefeito, mas, após disputar a eleição para federal, em 2014, chega à sétima campanha para o cargo decidido a mostrar o legado de seu governo e retomar as obras que não pôde terminar.
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Para aliviar a pressão da empreitada política, se refugia na música (também é “boleiro” eventual), que adora. Por mais de 15 anos, integrou o grupo vocal Boca da Noite. Carlito admite ter qualidades como tenor, mas se dedica mesmo a ouvir MPB e música latino-americana.