O ex-prefeito de Joinville Carlito Merss deu sua versão sobre seu envolvimento na lista encontrada pela Operação Lava-jato na residência do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Júnior. Em sua conta no Facebook, que “os recursos recebidos de pessoas físicas e jurídicas nas campanhas eleitorais foram sempre de acordo com o previsto na legislação e que as contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral”. Além disso, declarou que “os doadores estão identificados na prestação de contas e podem ser conferidos no site do TRE.”
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Carlito foi um dos seis políticos catarinenses que estão em lista encontrada pela Operação Lava-jato. Os outros são o governador Raimundo Colombo; o prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Jr.; o ex-deputado estadual Antônio Ceron;o prefeito de Imbituba, Jaison Cardoso de Souza; e o prefeito de Navegantes, Roberto Carlos de Souza.
O material foi apreendido pela Polícia Federal em 22 de fevereiro, na 23ª fase da operação chamada de Acarajé. Os documentos foram liberados pela Justiça Federal de Curitiba. As planilhas apresentam valores relacionados a nomes de políticos, alguns também identificados por apelidos. O motivo do controle em planilhas e de eventuais pagamentos está sendo apurado pela força-tarefa.
Raimundo Colombo nega envolvimento
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O governador Raimundo Colombo negou qualquer envolvimento com a Odebrecht. Em nota, esclarece que alguns pontos precisam ficar claros, entre os quais: “1) A empresa Odebrecht não tem em SC nenhum contrato, não executa nenhuma obra pública ou realiza qualquer serviço do governo do Estado, tampouco tem, desde 2011, período do atual governo, nada que justificasse a transferência desses recursos; 2) Os valores e a forma da suposta transferência são ainda fruto de divulgação fracionada que carecem de fundamentação, o que será aguardado pela autoridade pública estadual para posicionamento definitivo sobre quem possa ter dado causa a esses fatos, se verdadeiros. 3) Por fim, o governador Raimundo Colombo não reconhece qualquer relação com a empresa Odebrecht, tampouco conhecimento sobre qualquer transferência de valores a Santa Catarina, que não tenham sido fruto de doação direta e oficial ou através do partido nacional.” O governo do Estado ressalta ainda que “apoia todas as investigações e que vai colaborar com tudo o que estiver ao seu alcance para que o Brasil supere este momento crítico de sua história.”
Tentativa de melar o impeachment
O prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Jr., disse que recebeu a notícia com absoluta indignação.
– Aqui não tem petróleo, não tem óleo, não tem gás e não tem obra pública de que eles tenham participado. Não reconheço nenhum tipo de doação da Odebrecht à minha eleição e reputo isso a uma tentativa do PT de melar a Operação Lava-jato, de fazer uma geleia geral para emporcalhar a oposição e melar o impeachment, que é iminente. Sou o grande interessado em que isso se esclareça e vou tomar todas as providências legais para que seja esclarecido.
O prefeito de Imbituba, Jaison Cardoso de Souza (PSDB), disse em nota que “não recebeu nenhuma verba, para nenhum fim, da empresa Odebrecht, seja como candidato, prefeito ou pessoa física, bem como não conhece ninguém desta empresa”. Ressalta ainda que a empreiteira nunca teve contrato com a Prefeitura e que está à disposição para dar as informações necessárias.
Doações de campanha foram aprovadas, diz Ceron
Ex-deputado estadual e candidato à Prefeitura de Lages em 2012, Antônio Ceron (PSD) afirmou que nunca teve relações com a construtora.
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– Primeiro, a prestação de contas da minha campanha em 2012 (à Prefeitura de Lages) foi aprovada sem ressalvas pelo TRE. Todas as doações estão ali na minha prestação. Segundo, eu não pedi dinheiro para essa empresa, não autorizei ninguém a pedir e não recebi. Esta é minha posição muito clara. Espero o desenrolar dos fatos para ver exatamente o que aconteceu. Nunca tive relacionamento com essa empresa. Também não me recordo na minha vida de ter encontrado com algum representante dessa empresa – ressaltou.
Ceron disse também que não sabe como o seu nome foi parar nesta lista da Odebrecht.
Já o prefeito de Navegantes, Roberto Carlos de Souza, disse que soube da notícia por meio da imprensa, mas que está tranquilo pois não recebeu nenhuma doação da Odebrecht.
– Essa empresa nunca prestou serviços à Prefeitura de Navegantes na minha gestão nem em gestões anteriores. Vou aguardar a manifestação da Justiça e da PF.
Construtora não tem contratos com o Estado
A construtura Odebrecht foi fundada em 1944, em Salvador, porém a relação da família com Santa Catarina começou ainda no século 19. Patriarca do clã, o engenheiro alemão Emil Odebrecht emigrou para o Vale do Itajaí em 1856. Parte da família mudou-se então para o Nordeste, onde começou a trabalhar em obras de engenharia.
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Após um período de crise durante a Segunda Guerra Mundial, Norberto Odebrecht fundou a construtora, que hoje atua em 27 países e tem mais de 168 mil colaboradores. Em Santa Catarina, o grupo não tem contratos com o governo do Estado desde 2009, segundo os dados disponíveis no Portal da Transparência. A Odebrecht, no entanto, foi protagonista em várias obras importantes para a infraestrutura de SC, como a construção da ponte Colombo Salles, da hidrelétrica de Itá, da duplicação do trecho da Grande Florianópolis da BR-101 e da Via Expressa Sul, na Capital. O único contrato em vigor hoje no Estado é com a Prefeitura de Blumenau, por meio da Odebrecht Ambiental, que possui a concessão para os serviços de coleta e tratamento de esgoto da cidade.