Ciro Bottini, o mais conhecido vendedor de mercadorias da televisão brasileira, esbanjou simpatia durante um almoço-entrevista exclusiva concedida a Livre Mercado em Joinville, onde passou rapidamente na última semana, antes de ir para Jaraguá do Sul, atendendo a compromissos profissionais da rede Breithaupt. Ele falou da sua atividade, de histórias de vida e de produtos curiosos que já ajudou a vender, sem deixar de listar as características de um bom vendedor.
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Endividamento
– O brasileiro é muito consumista… é muito consumista. Mesmo quando a economia não está boa, ele compra. Isso faz pate de nossa cultura. A compra surge nem só de necessidades de uso. Muitas vezes é efeito de uma necessidade emocional, psicológica. Isso tanto vale em momentos de frustração, e aí funciona como compensação, quanto em circunstâncias alegres, então é para comemorar. Mesmo que o endividamento cresça, ele não vai deixar de comprar.
Imitação
– Fomos pioneiros em fazer anúncios de mercadorias e serviços em programas específicos na televisão. Com o tempo – mais de 20 anos na estrada -, viramos referência neste tipo de negócio. Não me preocupo com imitações que possam haver. Criei meu estilo, e me conhecem por isso.
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Exigente
– Há uns dez, 15 anos, o vendedor não era respeitado. Mudou muito o perfil do consumidor, que agora é mais exigente. E não só o das classes A/B. Todos, até os das classes emergentes C/D, querem mais do que antes. Ninguém é bobo hoje em dia. O consumidor não quer só um produto. Ele quer uma experiência completa, onde tudo é relevante. E o preço é um destes fatores, mas não é mais o único.
Atendimento
– Sim, atendimento continua sendo um problema grande. Isso vem da formação. Vendemos, em geral, commodities. Significa dizer que quase tudo é muito parecido. O que pode resolver uma venda é um atendimento diferenciado no qual o cliente se sinta plenamente compreendido em seus desejos.
Campanhas
– Campanhas publicitárias agressivas no ar vendem mais. Há, sim, muitos concorrentes. O que me orgulha é, mesmo assim, ser mais lembrado, estar imediatamente na mente das pessoas. Ser top of mind é gratificante.
Diferencial
– Desenvolvi um personagem próprio, muito meu, junto ao consumidor que assiste ao programa de televisão onde anuncio produtos. Uma das formas mais úteis no meu trabalho é a utilização do bom humor. Como você sabe, o humor sempre abre portas. E o gestual é, também, parte indispensável para conquistar a atenção e o coração dos potenciais clientes.
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Arte e técnica
– Vender é um misto de arte e técnica. Claro que a arte é decisiva porque a técnica pode ser aprendida. Certamente a habilidade emocional é mais importante. O vendedor tem de ter simpatia pessoal, tem de contagiar o consumidor.
Erro
– O programa é ao vivo. Então, é bastante natural haver erros. O erro me ajuda. Mostra humanidade, sinceridade. Lógico que uso de “escadas” para apoiar o texto. E converso com o diretor. Ele nunca aparece, mas está sempre em contato. Há uma interação entre o diretor, o telespectador-comprador e eu.
Breithaupt
– Tenho contrato renovado com a rede Breithaupt, de Jaraguá do Sul. Meu papel é motivar os vendedores e toda a equipe. Procuro inspirar o grupo, engajá-lo na atividade. Meu contrato como garoto-propaganda começou em setembro. Duraria até o fim deste ano e já foi renovado até setembro de 2015. Sinal de que deu resultado.
Celebridade
– Não sou celebridade. Sou o vendedor mais conhecido da tevê. As abordagens nas ruas são naturais. É sempre bom receber o carinho. A abordagem sempre é tranquila, legal. As pessoas falam comigo como se eu fosse amigo há anos.
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Informalidade
– O que me faz permanecer na televisão anunciando diferentes produtos é a informalidade, a irreverência com que trato dos assuntos. É, na realidade, uma conversa com os consumidores.
Tecnologia
– Atualmente, o que mais vende são itens de tecnologia, especialmente celulares. No meu programa, também vendo muito aparelhos de cozinha e jogos de cama.
Profissionalização
– Não há profissionalização na função do vendedor. Qualquer um pode ser vendedor. Não há a carreira. Isso é um problema em muitos casos e provoca a grande rotatividade da mão de obra.
Produtos esquisitos
– Já vendi coisas esquisitas, estranhas. Em 1999, por exemplo, anunciei venda de grama do estádio do Maracanã. Vendeu pouco (risos). Sempre tem um louco para comprar. O consumidor sempre quer uma fórmula mágica. Outra coisa que vendi foi um cinto que vibrava e dava choque. Dizia que emagrecia. O consumidor comprava e levava choque ao usar. Para que esteira? Para que correr? Tome choque! Tome choque!
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