Era o fim do mês de julho quando o ilustrador Paulo Sérgio Jindelt recebeu a primeira surpresa. Ele abriu a lista de selecionados para o 42º Salão Internacional de Humor de Piracicaba e procurou seu nome entre os classificados para as categorias cartum e caricatura e para a temática proposta na edição de 2015, a corrupção.
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Um. Dois. Três. Quatro. Cinco.
Cinco de seus trabalhos haviam sido selecionados para aquele que é considerado um dos mais importantes do mundo entre os concursos de artes gráficas e que coloca Piracicaba (SP) no mapa como a Capital Mundial do Humor.
Não era a primeira vez de Jindelt no concurso – ele havia emplacado trabalhos em 2013 e 2014, dez anos após suas últimas participações. E, ainda que não fosse o único a aparecer tantas vezes na lista, ele sabia que ser indicado cinco vezes era um grande feito.
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Chegou o dia da premiação. Era também o dia da segunda surpresa.
Um: Paulo Sérgio Jindelt foi chamado para receber menção honrosa por um de seus desenhos com a temática corrupção. Dois: a caricatura que ele criou do cartunista Jean Cabut (Cabu), um dos mortos no ataque ao jornal francês Charlie Hebdo em janeiro de 2015, foi eleita pelo júri como a melhor do concurso. Três: além de melhor caricatura, o Cabu denhado por Jindelt foi escolhido como o melhor trabalho entre os 429 que participavam do Salão Internacional do Humor de Piracicaba, o que lhe rendeu o grande prêmio, o Troféu Zélio de Ouro de 2015.
Segundo a organização do evento, além da grande qualidade técnica, a obra de Jindelt era uma justa homenagem aos cartunistas do Charlie Hebdo. Ela refletia a atualidade de temas como liberdade de expressão.
– A arte é a ferramenta que temos para dizer basta, para reivindicar nossos direitos – avalia o artista.
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Criação artística
A preparação do talento que culminaria nestas premiações, além de outras importantes que Paulo Sérgio Jindelt coleciona nos últimos anos – ele também tem prêmios do Salão Internacional do Humor do Piauí, do Amazonas e de Caratinga (MG) – começou em 1965.
Em frente à TV, assistindo a filmes em preto e branco, Jindelt buscava inspiração para seus desenhos. Ele tinha cinco anos. O pai, Tobias van Jindelt, também gostava de artes plásticas e produzia alguns quadros. Quando o filho começou a desenvolver o mesmo talento, a atividade funcionava assim: o filho desenhava, o pai coloria com tinta a óleo.
Quando chegou a hora de escolher uma profissão, não houve dúvida do caminho que iria seguir. Foi enquanto caminhava por ele que Jindelt chegou a Joinville, em 1988. O trabalho como ilustrador, iniciado no Rio de Janeiro, foi desenvolvido por mais de uma década nas agências de publicidade da cidade até que, em 1997, ele deixou de “bater ponto” para fazer sua arte livremente.
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Deste período, vieram encomendas de trabalho de outros Estados e países, como Portugal, Estados Unidos e Tailândia. O último é o país de origem de Mubu, personagem que aparece em quatro livros do escritor Peter Alexander, todos ilustrados pelo artista de Joinville.