Um carimbo suspeito no documento de óbito paraguaio foi a evidência que faltava para a Polícia Civil de Santa Catarina ter certeza de que a principal distribuidora de cocaína do Estado não estava morta. Um ano depois de forjar o documento, Lilian Beatriz Benites Vasques foi presa pela Polícia Federal de Foz do Iguaçu (PR), no último dia 30 de dezembro.
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A operação foi comandada pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) de SC. Lilian Beatriz desembarcou sob escolta na madrugada desta sexta-feira, dia 3, no Aeroporto Internacional Hercílio Luz, em Florianópolis.
Natural de Campo Grande (MS) e com ensino médio completo, Lilian Beatriz, 45 anos, é apontada pela Deic catarinense como a conexão entre traficantes de SC, RS, PR, RJ e SP e os barões do pó na Bolívia. Corajosa, viajava para aquele país e negociava diretamente com produtores de coca.
Conforme apurado na investigação, Lilian Beatriz abastecia com uma tonelada de cocaína por mês, em média, o tráfico desses estados, e é suspeita de vender cargas para as principais facções criminosas do país.
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A Baronesa do Pó, como é conhecida no mundo do crime, passou a virada deste ano numa cela da PF em Foz do Iguaçu. Um ano antes, dia 31 de dezembro de 2012, Lilian Beatriz foi solta pela Justiça Federal. Estava encarcerada no Presídio Feminino de Florianópolis havia três meses.
Lilian e o marido, o narcotraficante internacional Ruy Moraes Vieira, o Papito, e outras dez pessoas foram presos preventivamente em 28 de setembro de 2012, pela Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Deic, por tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro.
Logo depois de ganhar liberdade, concedida pela Justiça Federal em caráter de urgência, e antes de ser julgado o mérito do habeas corpus, Lilian Beatriz se fingiu de morta e voltou para o Paraguai.
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– Eu sabia que ela não tinha morrido. Estamos acostumados a lidar com mentiras. A rapidez com que o advogado dela juntou ao processo o atestado de óbito, poucos dias depois do habeas corpus, levantou suspeita. Mal havia dado tempo dela chegar no Paraguai. As inconsistências no carimbo foram determinantes para concluir que ela estava viva – contou o titular da DRE/Deic e responsável pela investigação e operações, delegado Claudio Monteiro.
A DRE/Deic passou a acompanhar a movimentação da narcotraficante e chegou a seu paradeiro com apoio de informantes e parceiros da PF de Foz e da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai.