Pais com colesterol alto podem transmitir o problema aos filhos pela carga genética, conforme pesquisa divulgada nessa quarta-feira, 8 de agosto, Dia Nacional de Controle do Colesterol. O estudo do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia analisou o histórico familiar de 100 crianças e adolescentes, com idade entre cinco e 17 anos, e constatou que em 30% dos casos, a alta taxa tinha ligação com a genética.

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A pesquisa revelou que 8% das crianças têm uma taxa elevada de LDL (colesterol ruim) e 45% delas apresentam HDL (colesterol bom), em níveis abaixo do padrão.

De acordo com a nutricionista do instituto, Renata Alves, a alimentação controlada ajuda a regular as taxas de colesterol nas crianças com predisposição genética, mas isso não impede que elas possam apresentar níveis acima do normal.

– Eu mesma já vi crianças de 3 anos de idade com colesterol muito alto e que a alimentação não era necessariamente ruim – diz a especialista.

Quando apenas um dos pais tem colesterol alterado, existe o risco de transmissão pela carga genética. Se o pai e a mãe apresentam a elevação, as chances aumentam. Em casos de casamento entre primos, a predisposição é ainda maior. Por isso, famílias com histórico de colesterol alto devem ficar atentas ao surgimento do problema nos filhos desde a infância, mesmo que a criança seja magra e não apresente qualquer sinal, alerta a nutricionista.

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Renata explica que a maior parte do colesterol é produzida no organismo e que o risco de a criança tê-lo em altos níveis não está simplesmente relacionado à quantidade de gordura corporal, mas sim à capacidade do organismo de fabricar e utilizar esse colesterol.

Dieta balanceada ajuda no controle

Quanto aos sinais, eles são praticamente inexistentes nas crianças. Segundo a nutricionista, aparecem apenas quando as taxas já chegaram a níveis muito elevados e se manifestam como “bolinhas de gordura” ao redor dos olhos ou nas articulações.

O tratamento, conforme a avaliação do médico, pode variar do uso de remédios ao simples controle da alimentação, que se mostrou inadequada em 87% das crianças avaliadas pela pesquisa.

Uma dieta balanceada inclui o consumo de verduras, legumes e frutas para que as fibras ajudem na redução do colesterol. A substituição do pão feito com farinha refinada pelo integral também aumenta a ingestão de fibras. A nutricionista recomenda substituir o leite integral pelo desnatado ou semidesnatado e retirar da alimentação produtos com gordura saturada (de origem animal).

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De acordo com a pesquisa, 40% das crianças avaliadas são sedentárias, o que deve ser evitado. A prática de atividade física ajuda a aumentar o colesterol bom (HDL) na criança. Outro meio de regular os níveis do HDL, segundo Renata, é consumir azeite de oliva, azeitona e castanhas nas refeições.

O colesterol ajuda na formação de uma capa protetora nos nervos e na produção da vitamina D, da bile e de hormônios. A maior parte (cerca de 70%) é produzida pelo fígado e o restante vem da ingestão de alimentos. Em excesso, o colesterol contribui para o entupimento das artérias, impedindo a passagem do sangue, e torna-se fator de risco para doenças cardiovasculares.

O HDL (colesterol bom) reduz o risco de acúmulo de placas de gordura. O LDL (colesterol ruim) deposita gordura nas artérias e dificulta o fluxo sanguíneo.

Cartilha orienta cuidados com alimentação

A cartilha Colesterol na Meta, lançada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia para marcar o Dia Nacional de Controle do Colesterol, inclui orientações sobre cuidados com a saúde e a alimentação.

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Ela mostra que o consumo de duas colheres de azeite de oliva por dia na salada, um copo de leite ou de iogurte, mesmo para adultos, um tomate, suco de uva, aveia ou soja, ajudam a reduzir os índices de colesterol e propiciam uma vida mais saudável.

Ao consumir peixes, soja, sementes de linhaça e frutas, as pessoas reduzem naturalmente a quantidade de frituras e de carnes gordas que ingerem, o que também beneficia a saúde e contribui para aumentar a longevidade.

A cartilha está disponível para download no link: http://prevencao.cardiol.br/campanhas/pdf/gibi-colesterol2012.pdf.