Uma carga de 142 pneus novos comprados pelo Estado, que seria utilizada em carros da polícia, também figura na lista de bens que sumiram do complexo administrativo da Secretaria de Segurança Pública (SSP), em São José, na Grande Florianópolis.

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A relação de objetos que teriam sido desviados aumenta a cada dia, o que evidencia a fragilidade da vigilância no lugar. Não bastasse isso, o clima de denúncias desgasta ainda mais a administração do complexo, alvo de outras investigações policiais por desvio de peças, motores e até de veículos sucateados.

Os pneus teriam sido comprados há mais de dois anos e estocados no depósito da parte alta do complexo, que fica no Bairro Areias e funciona também como espécie de almoxarifado de órgãos da segurança.

O sumiço foi constatado após perícia, pois os 142 pneus fariam parte de um lote maior adquirido pela SSP. Há um inquérito policial instaurado em abril deste ano para apurar o fato, conforme relatou ao Diário Catarinense o delegado Luiz Carlos Goulart, da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Florianópolis.

O delegado ouviu, no dia 9 do mês passado, o gerente do complexo, Jorge Klöppel, e ainda irá interrogar mais funcionários. Ele afirmou que a polícia não conseguiu até agora apontar de que forma ocorreu o sumiço, nem a suposta autoria. As câmeras de monitoramento do depósito estavam desativadas na época.

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Em razão da grande quantidade da carga, a suspeita é que os pneus tenham sido retirados aos poucos do local. O delegado comentou também que há uma suspeita que, na época do desaparecimento, eles estavam com prazo de validade vencido.

Secretário Grubba disse que mandou investigar

Procurada pela reportagem na tarde de ontem, a SSP disse que o secretário César Grubba já havia determinado, em janeiro deste ano, investigação policial pela Deic e abertura de sindicância pela Corregedoria Geral da secretaria para apurar o destino dos pneus.

Segundo a SSP, Grubba enviou um ofício pedindo providências ao delegado-geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro D’Ávila, no dia 6 de janeiro. No mesmo dia, o secretário pediu a investigação pela corregedoria em outro ofício enviado ao corregedor-geral da SSP, Ricardo Feijó. Mas, até agora, as apurações não foram concluídas.

Secretário adjunto se diz tranquilo com indiciamento

Indiciado pela Deic no inquérito do desvio das peças e motores do complexo administrativo por crime de peculato e fraude na licitação, o secretário adjunto da SSP, coronel Fernando Rodrigues de Menezes, afirmou nesta quinta-feira que está tranquilo e que tudo o que fez ocorreu dentro dos princípios da ética, transparência e moralidade administrativa.

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A manifestação saiu por nota enviada por meio da assessoria de imprensa da SSP – Menezes tem recusado a dar entrevista. O texto traz nove tópicos em que se diz tranquilo porque, a partir de agora, nova fase se inicia, no Judiciário e Ministério Público.

Até a última segunda-feira, o inquérito policial que culminou com o seu indiciamento estava na Polícia Civil, com delegados da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic).

O coronel observa, ainda, que o relatório final do procedimento administrativo aberto após rumores de irregularidades no complexo da SSP de São José não imputou a ele qualquer responsabilidade. Destacou também que há um parecer da Procuradoria Geral do Estado que garantiu a legalidade da licitação (destinação de sucata para trituração).