Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, na manhã desta segunda-feira, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, criticou a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira para depoimento no âmbito da Operação Lava-Jato. Ministro da Justiça até a semana passada, quando deixou o cargo por pressões do PT para que controlasse a Polícia Federal (PF), Cardozo disse à Rádio Gaúcha que Lula já havia prestado depoimentos anteriores e não haveria motivos para encaminha-lo à PF.
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— A condução coercitiva, pela lei, só é necessária em situações excepcionais. Normalmente, quando a pessoa se recusa a depor. No caso, a decisão judicial manda que ele seja conduzido de imediato, sem nenhuma outra intimação anterior, para segurança dele — comentou.
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Cardozo afirmou também que a posição do governo Dilma Rousseff sobre as investigações da Lava-Jato é “muito equilibrada e correta”:
— A presidente (Dilma Rousseff) sempre teve uma linha clara sobre as investigações. Não faltaram recursos e desprendimento governamental.
— Tem gente que não sabe perder e busca justificadores para suas ambições.
Delcídio “Amoral”
Quando questionado sobre a delação premiada de Delcídio do Amaral (MS), revelada na última semana pela revista IstoÉ, Cardozo chamou o senador, suspenso pelo PT, de “Delcídio Amoral” _ depois, o ex-ministro se desculpou pelo ato falho e garantiu que falou sem querer.
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Na sexta, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão e condução coercitiva no prédio de Lula, de seu filho, Fábio Luiz da Silva, e no Instituto Lula. O petista prestou depoimento no Aeroporto de Congonhas por mais de três horas. Em seguida, no diretório do PT em São Paulo, disse ser alvo de uma operação midiática.
Segundo o MPF, Lula teria sido um dos principais beneficiários dos crimes na Petrobras investigados pela Lava-Jato — R$ 30 milhões teriam sido repassados pelas empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção a duas empresas do ex-presidente. Batizada Aletheia, esta fase da operação apura se empreiteiras favoreceram Lula por meio do sítio de Atibaia e do triplex no Guarujá.