O cardápio de drogas do grupo alvo de uma operação da Polícia Federal em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul continha desde cocaína peruana até a venda de flor uruguaia. Os traficantes, segundo a investigação, também ofereciam brindes aos usuários e cobravam pela entrega dos entorpecentes. Ao todo, 15 pessoas foram presas durante a ação que ocorreu nesta quinta-feira (3).
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Conforme o delegado da Polícia Federal, Leonei Moura de Almeida, o grupo investigado estava estabelecido na região de Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul. O caso foi descoberto durante outra operação da PF, que apurava o comércio de moeda falsa. Na época, um cardápio de drogas foi encontrado, o que chamou atenção da equipe.
— A investigação iniciou a partir de um cardápio de drogas que circulava em aplicativos de mensagens e chamou a atenção pela variedade de drogas oferecidas — pontua.
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Intitulado de “Tabela do Pennywise”, em referência ao codinome utilizado pelo líder do grupo, o cardápio oferece MD, LSD, flor uruguaia e cocaína peruana. Além disso, tem um brinde aos usuários que comprarem mais de 50 gramas do “fumo a lenha”.
O cardápio conta, ainda, com orientações sobre a venda das drogas. Por exemplo, o usuário deve mandar o pedido nas redes sociais somente por escrito, sem áudios. Também é ofertado os valores para a entrega dos entorpecentes, que podem ser pagos via Pix.
Conforme a investigação, a venda no varejo ocorria por meio de aplicativos de mensagens e as entregas eram feitas por mototaxistas contratados pelo grupo. Para a prática, os envolvidos usavam codinomes e outros meios para ocultar as suas identidades e dos usuários.
Já no atacado, segundo a PF, a venda ocorria com a utilização de “mulas”, que eram responsáveis pelo transporte e estoque das substâncias em diferentes cidades. A organização usava aplicativos de caronas pagas e aluguéis por temporada para operacionalizar a logística.
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Drogas podem ter origem em SC
Ainda de acordo com o delegado, a polícia trabalha com a suspeita de tráfico interestadual e até internacional de drogas. Isto porque há indícios de que o skank — também conhecido como supermaconha — tinha origem do Uruguai. Já outros entorpecentes teriam sido adquiridos em Santa Catarina.
— Se identifica que dependendo o tipo de droga, aparentemente, tinha um tráfico interestadual. Algumas drogas de Santa Catarina e outras possivelmente de Uruguai. Se identificou uma característica de traficância internacional por parte do alvo principal, por isso a competência estadual na investigação — diz o delegado.
Durante a operação, dois mandados foram cumpridos em Palhoça, na Grande Florianópolis: um de prisão e outro de busca e apreensão. No entanto, não foram divulgados detalhes do que foi apreendido na ação em solo catarinense.
Ao todo foram cumpridos 20 mandados de prisão — 14 preventiva e seis temporárias — e 26 de busca e apreensão. Foram apreendidos celulares, computadores, joias, documentos, cofre, veículos e mais de R$ 29 mil.
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Além disso, foram cumpridos mandados de sequestros de veículos e imóveis, apreensão de bens e encerramento de empresas de fachada, no valor estimado de R$ 2,5 milhões, e o bloqueio de contas bancárias
— O grupo usufruía dos recursos obtidos adquirindo bens de consumo, mas a lavagem de dinheiro estava em relação a veículos que eram adquiridos dentro pelo grupo e registrados no nome de familiares […] além de um imóvel rural, supostamente [adquirido] quando o líder do grupo ainda era adolescente. Ainda temos quatro estabelecimentos de venda de bebidas e um supermercado [que seriam do grupo]~— explica o delegado.
O grupo é investigado pelos crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Batizada de “Maturin”, a operação é relacionada ao livro “IT – A Coisa”, de Stephen King. Na obra, Maturin é uma tartaruga colossal com aparência ancestral que atua como inimigo da “Coisa”, criatura personificada na figura do palhaço “Pennywise”, codinome utilizado pelo líder da organização.
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